Não há como remediar para não cumpri-lo.
Quem nele estiver inscrito, se-lo-á por certo
sua vítima, em qualquer curva do caminho...
Isso tudo me falava o bom e velho Isaac,
enquanto me apontava ali no templo
o lugar onde o centenário órgão se alojava,
pedindo-me a gentileza de uma peça...
Mais do que curioso pela visita em sonhos,
Eu é que lhe implorava uma história
Para que eu a desfiasse aos meus leitores
Que, diária ou semanalmente, aqui recolho...
- Do destino ninguém foge! disse-me Isaac,
acentuando bem a expressão "destino",
que a sonoridade de sua voz me tocou fundo...
- Vou contar-lhe a cobrança de um carma.
E narrou-me sobre um homem que, certa feita,
Uma cigana lera em suas mãos cruel fatalidade!
"Tenha cuidado com a passagem do cometa.
Ele poderá ser o causador de sua morte!..."
Coitado do inocente; passou a viver apavorado.
Lia almanaques e informes astronômicos,
à cata de saber onde/quando apareciam cometas,
Prevenindo-se de todas as possíveis formas...
Quando o Halley veio de novo, no século passado,
estendendo sua cauda brilhante, ele, em pânico,
Nem chegou a sair de casa, tomando precaucações.
O cometa passou e... alívio! Nada lhe aconteceu.
Ultimamente, já nem pensava mais no aviso
da vidente; sorria quando alguém mais próximo
lhe lembrava a devastadora "profecia do cometa"
E dizia ser coisa que não existe. "Conversa fiada!"
Mas como diz a velha e enxovalhada sabedoria,
"do destino ninguém foge", o previsto se cumpriu.
Estava ele, um dia, atravessando uma estrada,
quando ouviu um grito: "cuidado, olhe o cometa!"
A última coisa que fez, instintivo, foi olhar o céu...
Sentir um choque, ouvir o baque... cair de bruços!
E ao sair do corpo conseguiu matar a charada:
era o Rapidão Cometa, que passava com mais uma carga...