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Os naipes diferem, embora se busque harmonia em todas.
O coral de crianças havia acabado de (en)cantar a platéia
entoando louvores ao deus-menino, anunciado a três por quatro,
nesse dezembro misterioso e mágico.
Quando, então, sou chamado a falar sobre essa festa
e minha mente viaja na imagem e nas vozes infantis
mostrando a todos como há lucidez nessa magia.
Pego o microfone e peço licença a que o público viaje comigo
numa reflexão que, sei muito bem, tem a ver com o espírito
da festa e preciso ser breve ali no palco.
Lembro que a humanidade assemelha-se muito a um coral,
onde todos os integrantes são peças importantes, ainda que
diferenciados sejam num universo do canto.
Os naipes diferem, embora se busque harmonia em todas.
Há os que escalam altíssimos agudos; há os que baixo e grave
reverberam no ambiente luz e emoção.
Aqui e ali, uma voz pode até destoar do grupo, mas é aí
que a função mestra do regente, se faz importante pelas nuances
com que ele pode colocar tudo em ordem.
O Natal é festa para lembrar, exatamente, esse sentido.
É uma parada no trem da estação da vida, para que ela se
acomode melhor nessa voragem de sua velocidade.
Cristo é o maestro de todas as individualidades que, descuidadas,
esquecem o celebrado e absorvam a imagem do consumismo,
sem avaliar o que pode o aniversariante imaginar.
Cristo é tão incrível que ele não se importa em não ser
o protagonista desse enlêvo, quando as pessoas nutrem um ideal
de bonança e de bem querença que a todos influencia.
Que a gente possa dar a ele, nesse dia de festa, o presente
de que, no ano novo, administraremos as nossas falhas
e as evitaremos por amor a Ele que tanto nos ama.
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