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domingo, 11 de maio de 2014

Mães


Dias depois de o sacrifício do cordeiro,
seguidores muitos lamentavam.
O arrependimento abateu um deles.
Um outro se maldizia tê-lo negado. 
Os que, amedrontados, se dispersaram 
tentavam explicar-se uns aos outros. 
Os que se alimentaram de seus peixes e pães, 
arrotavam desculpas por tê-lo abandonado. 
Os que beberam de sua mensagem viva, 
vomitaram impropérios à sua passagem.
Nas moradias silenciadas, 
falava-se da sexta feira sombria 
que expulsara daquele convívio 
a figura atraente do que se dizia Messias.
Jerusalém em trevas se fizera.
Um ar de tristeza salpicara-lhe o casario.
Pelos becos, a soldadesca romana circulava.
Temia-se indignos gestos ao martírio
daquele que por três anos deixara bem claro
ser o ideal ansiado por Deus para cada um dos homens.
Discípulos, ainda atordoados,
buscavam em casa de Maria, 
algo que lhes sossegasse a alma.
Lágrimas de mãe, um rio despejara;
mas a dolorosa máter não se entregara ao desespero.
Abraçava a todos os que iam lhes deixar conforto,
 garantindo-lhe as premissas do Filho amado.
- Ele não está morto!
Havia ressurgido em luz, 
diante da vidência de Magdala,
O suave som de sua boca cantara um hino de esperança
Aos ouvidos daquela mãe,  como a confirmar 
a sobrevivência da vida após a morte.
E nessa crença, Maria estabelecia sua existência agora.

Que intrigante esse papel de mãe,
que mesmo tendo o filho sacrificado de forma injusta,
conseguia alimentar os outros com a sua força interior?
As mães se nutrem desse hálito amoroso
Que rescende do tempo mais distante
E renova-se a cada lembrança 
dessa outra mãe inigualável,
como são todas as mães de todos os filhos.
Elas estão sempre a magnificar a Vida
e a sobrepujar-se aos tormentos mais diversos
que o destino lhes impõe.
Mães que contribuem com o Criador
Como usinas de transposição de almas 
da outra dimensão, para que, na Terra, 
possam retomar a caminhada de volta ao paraíso perdido.

Neste dia das mães,
como será útil agradecer a cada uma delas,
a chance de ter nos permitido nascer.
Poucas vezes, nos lembramos dessa primordial importância.

Mãe, como te agradeço ter-me deixado nascer.
Fosse o contrário, não estaria eu aqui a te render
Homenagens, por cumprires na Terra
O papel que, Maria a mãe do sacrificado, 
tão bem desempenhou.