Quando foi que o País viveu tão intensamente uma
campanha eleitoral como essa, onde o confronto entre os candidatos
transferiu-se, via redes sociais, aos eleitores através de uma dilacerante
carga de energia, manipulada tanto de um lado quanto do outro em disputa.
Os dois contendores, a todo custo, tentaram medir
forças, não pelos caminhos compreensíveis do jogo democrático, mas utilizando
as armas do denuncismo e dos ataques pessoais.
Esse mesmo sentimento perpassou aos seguidores de cada um, rivalizando-se com a mesma carga de ódio e de agressividade, a
ponto de muitas amizades terem sido interrompidas pelo tom inconsequente da
campanha.
Votar vai muito além desse embate intempestivo de quem
se agarra a uma oportunidade, custe o que custar, haja o que houver.
Desde que, na velha Grécia, implantaram-se
as bases do sistema democrático, o ato de votar tem-se inserido entre os mais
importantes exercícios de cidadania. Através dele é que se afirmam os desígnios
de cada indivíduo, ao eleger aquele que há de lhe conferir os rumos de sua própria
existência. E que não venham dizer que o voto seu não interfere no conjunto, pois isso é indiscutível.
Pelo voto, transferimos aos eleitos, o poder de criar
novas leis. De modificar as que se acham em desacordo com a realidade. Com
elas, poderemos nos vincular às etapas do progresso ou conduzirmo-nos ao
estágio equivocado dos que se utilizam do ‘poder emanado do povo e para o povo’,
para locupletar-se e aos seus asseclas.
A nossa Rachel de Queiroz, em crônica escrita lá
pelos idos de 1947, na antiga revista O Cruzeiro, lembrava que “votar
representa o ato de FAZER O GOVERNO”.
É o voto que permite eleger quem vai interferir na
vida de todos. No nosso bolso, principalmente. Seja criando impostos ou subtraindo
a já pesada carga tributária. Definindo os índices da inflação e até quanto o
trabalhador assalariado vai ganhar a cada reajuste.
É o meu, o seu e o nosso voto, que conduzirão ao Poder
os que detenham valores éticos e responsáveis, capazes de transformar a vida do
País e de sua gente. E não somente a dos que enxergam o Poder, como instrumento de
benefício pessoal e partidário.