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sexta-feira, 21 de abril de 2017

sexta-feira, 14 de abril de 2017

natal no planeta

Nonato Albuquerque

A acrisolada partitura do cântico se renova.
Eleva-se das paragens terrenas um meigo afeto
Ao menino virtude que do céu se fez e objeto
É de desejo para seguirmos os passos seus na prova.


Entoam-se hinos de louvores e de cada alcova
Onde dormitam sonhos em meio ao rude concreto,
Ressurgem esperanças de albergar sob esse teto

A força da paz substituindo a dor que se reprova.

Sublime lembrança nossa desse espírito modelo,
Põe-nos outra vez na mira de tua preferência;
Inunda-nos de amor para que a vida não seja apenas isto:


Um mar de provas, onde muitas vezes nosso apelo
É para que encontremos bálsamos na luz da ciência
Quando a medicação já temos e ela se chama Cristo.


dezembro 9, 2007

Sobre as trilhas onde vão dar outros trilhos

Dias de chumbo, esses em que vivemos. Céus de nuvens grávidas. Os homens voam mas já temem que as asas de artifício lhes transtornem os dias, lhes dobrem os meses, lhes encurtem os anos… Com medo do céu, resgata-se o prazer de viajar pelas estradas.
O Brasil é serpenteado por elas; muitas em estado de desolação completa; mas aonde elas vão, elas nos levam…
Houve um tempo em que as estradas eram caminhos de ferro e por sobre os trilhos navegavam os vapores das marias inundando de fumagem e fuligem os que embarcavam ou não.
Hoje, os cavalos de ferro já não correm pelos interiores,
comendo chão, devorando túneis, embocando nos cortes;
e nem se fazem mais os caminhos como antigamente.

No passado, os ares eram destinados às aves que voam,
os passarinhos. Ninhos de cobra, esses monstros voadores
hoje chocam ovos de destruição e que alimentam a Morte.

E o homem que inventou Santos Dumont que inventou o avião que inventou de viajar por esse inventivo país
até chegar aos dias de hoje, se sente desolado, inquieto,

quando a absurda cor da noite envolve com seu manto
uma dessas fortalezas voadoras que, num átimo de tempo,
choca-se, despedindo-se da pista que deu “end” em Congonhas.


Eu, selvagem de primeira viagem, botocudo de pai e mãe,
sustento a palavra, bato o pé, engulo o choro e decidido sou:
só viajo agora pelos cipós das matas… e olhe lá quando e como!…

(escrita em dezembro de 2007 por ocasião da queda de um avião em Congonhas)

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Eterna Idade

a dor da mãe
por ver seu filho morto,
só encontra lenitivo
na esperança do encontro
em um outro porto.

a fé do pai
pelo rebento perdido,
recolhe as forças
na certeza de que tudo
na vida faz sentido.

o amor de todos
ressabe a saudade
mas infinita crença
nos põe a certeza
da eternidade.