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quinta-feira, 16 de maio de 2019

FORTUITA QUIMERA


Era um homem comum, com um sonho:
Casar. Ter um filho...
Todo dia, saía às ruas
para pedir esmolas para o seu enterro.
Como entender essa inverosímil farsa?

É que ele sabia que iria morrer um dia
e aprendera na escola 
que um homem prevenido, 
não deixa para depois o que pode fazer hoje.
Quem para não entender essa tão torpe lógica?

Veio a Polícia, deu-lhe voz de prisão;
não por esmolar 
esse excêntrico apelo,
mas por não quitar a taxa que o governo 
cobra a todos quantos respiram o ar. 

Na cadeia, alguém lhe pagou a fiança
Solto, ele voltou 
para as ruas de novo,
a pedir esmolas pro filho que nunca teve.
Quem para contrariar essa fortuita quimera?