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domingo, 29 de setembro de 2019

A PARÁBOLA DO GIRASSOL REBELDE



A PARÁBOLA DO GIRASSOL REBELDE 
Nonato Albuquerque

No reino dos girassóis, 
todas as flores têm por dever de ofício,
saudarem o astro-rei quando acende ele 
sua roda de fogo nos céus.

Um dia, porém, um girassol mais novo 
negou-se a se curvar perante o Sol 
por achar naquele simples gesto, 
um ato de profunda humilhação. 

Algumas flores próximas a ele, 
intentaram seguir o mesmo caminho.
A maioria dos girassóis, comentou 
ser essa uma atitude descortês.

Todos tinham a consciência 
de que era da energia do soberano astro
que o mundo dos girassóis se nutria. 
E dela, a colheita se beneficiava.

A rebeldia súbita daquela flor, 
certamente, atrairia respostas.
Indesejáveis que fossem. E elas vieram
bem muito antes do que se esperava.

Na manhã seguinte, a flor rebelde do campo, 
amanheceu murcha, sem vida, 
com a haste estendida para o chão.
Sua queda arrastou algumas próximas. 

A Natureza tem leis imutáveis. 
Se temos a liberdade de arbítrio,
é certo, porém, atrairmos os efeitos 
de nossos próprios infortúnios.

Não é que o cosmos nos castigue, 
mas o oceano de luz que conduzimos
ao perder a ligação com o imensurável, 
isola-se do núcleo que emana força e luz.

Quando nos desobrigamos a cumprir a lei
do que diz ser correto o modo de vida
imantamos em nós as forças negativas 
que passam a nos dizimar internamente. 

Quando fugimos ao nosso dever consueto, 
ou impomos regras equivocadas ao eu, 
abrigamos o abismo em nossos corações
fugindo ao nosso destino, as estrelas. 

Quando esquecemos de tributar à Deus, 
nossa gratidão por cada dia que surge
permutamos o 'sapiens' da sabedoria, 
pelo homo-deus que é o nosso inimigo ego.