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sábado, 5 de outubro de 2019

FONTE DE LUZ


De Nonato Albuquerque

Da fonte de onde fui jorrado um dia,
Mais de meio século de caminhar já fiz.
Varei charcos. Morguei pântanos. Cruzei várzeas,
Rumo ao infinito de luz a que me destino.

Ajudei a cultivar terras áridas e a dessendentar
A secura desses caminhos onde nada cresce
e o deserto parece ter ressecado os corações.
Nunca me cansei. Fui do líquido ao gasoso,
Para chover sobre as minhas cabeceiras,
Para acalmar a brasura da minha alma panteísta,
Sedenta por chegar a um outro porto.
Barrado no caminho; sangrei com ajuda
De outras águas, para só então nas quedas
Ganhar força e me transportar a essa fonte de luz.