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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

POÉTICA. Os dois cães que alimento

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POÉTICA. Os dois cães que alimento

. de Nonato Albuquerque

Há um cão dentro em mim que ladra e morde 
Toda vez que uma palavra insana o provoca. 
Reage bruto e rude, desde que assim o acorde 
E dê a ração da qual se alimenta em sua toca 
Há, no entanto, um outro cão, sereno e calmo, 
Que se faz prestativo e dócil, um cão presente. 
Que me dá segurança e comigo, palmo a palmo, 
Anda, assim eu o deseje, assim eu o alimente. 
Vez em quando me flagro intempestivo e forte 
A bramir raivoso o instinto que eu comporte; 
É que dou talas para que o cão se mostre audaz. 
Toda vez, porém, que um gesto meu insista 
Em ser calmo e dócil, o que mais exponho à vista 
É o cão sereno em mim que vence o cão mordaz.

domingo, 1 de setembro de 2013

Escritos meus:

a canção do pescador de sonhos

Ah! Se visses aquele homem
Que vem lá do fim do mar
Traz tesouros, traz encantos
Pra quem ele quer amar...

Traz o destino das conchas
Dos cardumes, essa paz
Brisa fresca e esperanças
E que histórias, ele traz

Ah! Se visses esse homem
Quem vem lá do fim do mar?
Traz tesouros, traz encantos
Pra quem ele quer amar.

posted by NONATO ALBUQUERQUE 1

A usina de luz que somos

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A mente humana, 
quando sublimada em divisar o bem, 
aciona partículas de luz 
e consegue externar a grandeza que gera toda alma.
Ocorre assim com os artistas, principalmente.
Os que tomam do buril e trabalham a pedra tosca,
 refinando os traços das imagens que constituirão 
o exercício prático do pensamento.
Os que lidam com a música, traduzindo em notas 
os deveres sagrados que o íntimo ambienta 
de algum ponto desconhecido do homem.
Alma e mente, as duas se completam 
- como as teclas brancas e pretas do piano que acabam sonorizando a partitura em descanso.
Além da vida, existem valores consagrados pelo bem. 
Ah, se o homem comum não fosse tão comum 
como se percebe e avaliasse o potencial de luz 
que sua usina interior retém...
posted by NONATO ALBUQUERQUE 

Humor Poético

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três três passarás

era uma vez um colibri que,
pequeno e frágil como se deve a todo colibri,
passou rasante no roseiral da vizinhança
sem tempo para sugar o néctar de nenhuma rosa.

entristecida, uma delas se curvou na haste
e soluçou uma gota de orvalho
que uma esperança no galho mais embaixo, 

quase se afogou.

O verde inseto abanou suas asas molhadas,
e enquanto se enxugava com suas pontiaguadas antenas
limitou-se a um desabafo:
ah! colibri sem vergonha,
mijou-me!...

O novo jardim do Éden na Terra

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Um dia novo se formata no silêncio desta noite densa
onde uma alcateia de lobos se devoram entre si.
Homens-feras, narcotizados pelo impulso do Ter
se anonimam, perdendo os elos de ligação com a Natureza
esquecidos que o SER é a destinação de cada indivíduo na Terra.

Se a ventania da violência ruge lá fora, calma! Tudo passa.
Vele pelos seus. Reze pelos outros. Ligue seu coração aos corações
de amados luminares que da dimensão da Luz,
aguardam a resposta do Bem de cada um de nós.
O que estamos fazendo para transformar não o mundo em si,
mas a cada um?
Quando individualmente mudarmos a nossa postura de ser,
chegaremos ao ápice dos valores maiores da Vida.

E a Terra será um paraíso. E não apenas uma escola de resgates.

Despertar em outra dimensão

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E na outra margem do rio, que Aqueronte fora nas escritas passadas, o ritmo da vida ressurge. Ex-ocupantes de um vôo sem destino, que terminou no meio da viagem, narram suas surpreendentes descobertas. Depois do choque, no umbral entre a vida física e a dimensão da energia, eles retomam a verticalidade de seus corpos e adentram à nova realidade que surge. 

Na entrevista calcada de sentimentos de saudade e de comoção, narrativas que marcam muito. Uma senhora corpulenta e de pernas grossas, tez rosada e face arrredondada, conta que antes da ocorrência, uma corrente energética submeteu a todos os passageiros e tripulantes a uma espécie de dormência, como se um manto hipnótico invisível se derramasse por todo o interior da aeronave. 

Todos adormeceram, fugindo  ao compromisso de dor e sofrimento, até despertarem do sono em ambientes fluídicos movidos por uma serena vibração. Uma criança reclamou a presença da mãe, alijada para um nível diverso enquanto mentores do Bem buscavam, de forma branda, conscientizar as personalidades ali presentes à nova consciência. 

Um venerando servidor de barba e cabeça brancas adentrou a sala para em suaves toques de energia, remover os elementos rudimentares que se acorrentavam ao corpo sutil. Em passes ritmados, cada um ia recebendo os fluidos necessários ao refazimento da consciência. Era o despertar em outra dimensão.