Quando através do sono nos libertamos temporariamente do escafandro corporal, volitamos por entre a dimensão do eu mais puro e visualizamos cenas que, geralmente, só os sonhos conseguem externar. É do substrato desses sonhos - e da criação poética - que se constitui este diário, revelando a incrível magia da dimensão da espiritualidade.
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sábado, 30 de abril de 2022
sábado, 9 de abril de 2022
Eu morador da rua onde moradores (sobre)vivem
eu me identifico muito com
os moradores de rua
eles são "de",
eu sou "da".
Eles, moradores de rua onde moro;
eu. morador da rua onde eles vivem.
Verdade que viver, aqui,
é só uma força de expressão.
Eles sobrevivem.
Mas têm a atenção da vizinhança
e o olhar afetivo de quem passa
embora ninguém viva de olhar afetivo.
É o pão que se massa
e faz a massa crescer
a massa povo, que o poder amassa
e ingere a cada dia em que nos cobra
taxas, impostos e bebe nosso sangue.
Por isso, eu me igualo aos moradores de rua.
Sou morador da rua em que eles vivem
Da rua que eu moro todo dia.
Onde eles vivem, por moradia.
sábado, 2 de abril de 2022
SAUDADES DO FUTURO - Ao poeta Carlos Emílio Correia Lima
Ele tinha os pés chumbados no espaço,
raizes de onde (re)colhia poemas.
Seus braços eram veias de luz
a escorrer da cornucópia de sua
mente de gênio.
seus ouvidos,
eram moucos ao grito dos insensatos
que ignoram que os poetas
são loucos ou Aladins
com suas lâmpadas magicalizando
as metamorfoses do tempo.
Sua meta era a linguagem
meta metade de tudo
que seu método na feliz cidade
onde viveu,
falava de saudades do futuro.
O poeta mago saiu hoje,
bateu a porta de sua vida
e pegou ruas do cosmos
nos deixando em meio
a essa (af)lição.
P.S.: eu fui da turma do Carlos Emílio, em Letras na UFC, onde após seis meses no básico, rumei pra Comunicação Social onde me formei. Algumas vezes encontrava-me com ele numa banca de revista que costumava frequentar na Pontes Vieira. Era um senhor poeta. Era não, É.