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domingo, 4 de fevereiro de 2024

Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu?

  Um antigo frevo-canção do baiano Caetano Veloso, imortalizou a crença de que "atrás do trio elétrico, só não vai quem já morreu". Discutível, segundo citações dos espíritas, quando se sabe que os ditos mortos, em estágio ainda incompleto de sua nova realidade, continuam se achando vivos, como se na carne permanecessem. E com isso, partícipes de verdadeiras emulações na dimensão em que vivem. Na época carnavalesca, esse quadro se acentua ainda mais. 


 Em meio à desvairada alegria da festa, alguns espíritos brincalhões se oportunizam da energia vibrante dos foliões para tirar de certa forma, algum proveito, havendo mesmo os que agem de forma vingativa contra os seus antigos oponentes, chegando a ponto de provocar-lhes a morte.

 É que, despidos do invólucro de carne pelo fenômeno da chamada morte, eles se aproveitam da ocasião para se entorpecerem ao vapor do álcool emanado dos que o ingerem, numa postura que se assemelha a larvas que se aderem aos seus objetos de desejo. E  assim, os "mortos" aspiram o ar destilado pelas mentes dos narcotizados que se excederam no consumo da bebida. 

 No entanto, para que esse fenômeno ocorra, necessário é que haja da parte de sua vítima alguma permissão ou algum tipo de demonstração que mova a turba obssessora a esse designo. É a questão da sintonia mental.

 Na mulher fantasiada de cortesã, a exibir o corpo seminu na avenida, os pervertidos da carne se associam conjuntamente. No adicto do álcool e de outras substâncias tóxicas, fumegam os que perderam o campo físico por conta do estado alcoólico comatoso. 

 Indivíduos de comportamento violento, atraem os que na vida da carne estiveram associados a essa forma de conduta. A eles se esgueiram os que continuam a exigir força a toda regra de convivência respeitosa. 

 Na faixa vibratória da carne, há os que se fantasiam de todos os tipos, como os que imitam as vestes de religiosos, atraindo pela mesma sintonia mental os espíritos desabrigados de qualquer sentimento ao sagrado. E auxiliam a profanar intuitivamente o desvairio associado a um comportamento desajustável.  

 Advém daí, a expressão carnaval – originária do latim “carnis levale”. Significa “retirar a carne”. No passado, para que se projetasse a necessidade da antiga formalidade do jejum, buscava-se com esse dever a necessária " expansão da alma" a fim de se compreender melhor o ensinamento judaico para expandir os fios condutores da intercessão entre os dois mundos. 

 Durante a onda festiva do carnaval, a visão do sagrado foi deturpada e, por conseguinte, os excessos cometidos na profana festa atraem sempre os anônimos mortos, a acompanharem a procissão dos chamados vivos atrás do trio elétrico. 

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Do amor poesia e dessas coisas singulares

 Do amor poesia e dessas coisas singulares

Nonato Albuquerque

O amor tem formas.
Só o coração entende.
Nutre-se de luz -
'lumina essência',
Bondade fecundada
que nos embriaga de prazer.
De seu cálice dourado,
o nutriente do amor
derrama o néctar
supremo da Vida
- suave perfume
que se esparge entre amantes.
O amor é um sonho
- como adoçam os poetas.
Alegra-se na dor
- adormescência
e reflete sobejamente
na alegria de sê-lo...
De cada gesto do qual
o amor se inspire,
hálito divino
que entre nós rescende,
como nunca soube-se
traduzi-lo...
O amor é benção
- e, nele, nos fortalecemos.
Augúrio de paz e
Ciência - paciência!
Motivo único para o existir
da humana idade.
Desse amor que transmuta tempo e espaço,
que vai do corpo a alma
- espiritualidade!
a divina presença se corporifica
e se nos revela...
(feita para homenagear meu pai Mário, dia 21/6/2009)