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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

NOVAS SAGAS


O fogo que arde em mim é de chamas antigas 
 
que nunca debeladas foram em meu espírito;
de eras tirânicas, de pátrias que eram amigas  
 e que séculos passados, carrego ainda contrito.

a dor dessa vingança já me cobriu de escamas
em vida atormentada que só me trouxe atrito.
fui déspota de cavalheiros, crápula de damas
querendo achar resposta ao que tinha adstrito

transpus séculos em corpos e vidas malsinadas,
percorri a nobreza e me embriaguez na vilania
para renascer pobre, coberto de muitas chagas

hoje, conhecedor do que fui em épocas passadas
agradeço ao divino, compreender a alquimia
de mudar o passado e futurar-me a outras sagas.



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Postado por Blogger no UM BANGALÔ NAS NUVENS em 5/12/2018 11:47:00 AM

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

O MÉRITO DOS BONS

Nos acidentes fatais, onde assoma uma tragédia

Operam as forças de ajuda da engenharia divina

transmitem a endividados da crua idade média

o consolo imperioso, ante o que a dor determina.

 

Almas em desespero, situadas na intermédia  

do físico e não físico como reza essa doutrina

sabem que tudo isso tem a ver com a mítica rédea

Do que a celeste Justiça a todos dissemina.

 

Quem faz o que não deve, arca consequência

Pois nada na vida deixa de ter sua providência

Na cobrança de equívocos de vidas lá do pretérito

 

A vida só cobra a dívida, de quem dívida ainda deve

e por mais que não pareça, ainda assim ela é leve

pune o mau por sua culpa e exalta o bom por seu mérito.

sábado, 21 de novembro de 2020

ROMAGEM INFINITA

 

Um ser mortal, dizem que eu sou

Mas minha essência a isso contradiz

Pois não se fala que Deus é amor,

Como poderia fazer-me infeliz?

 

Eu sou filho das estrelas e senhor

De meu destino, sei-me aprendiz.

Por isso sempre canto esse louvor

De gratidão ao divino, o meu juiz.

 

Se amanhã, quando não mais tiver

Esse meu eu que construo a crédito

Quero nascer da paz, na luz bendita.

 

Seja o que eu for, homem ou mulher

Eu viverei para atender ao édito

De cumprir o dever na romagem infinita

O FEITO

 

Na lápide dos fantasmagóricos sonhos

que eu tive, atinei uma inscrição insana;

ajuizando fossem meus dias medonhos

quando a morte me flagrasse na aduana

 

Teria inscrito: “estou despido”. E à paisana

adentrei o mundo de ares tão bisonhos

onde nada lembra a cultura greco-romana

De ser o astral, o lugar de anjos e demônios

 

Ao contrário disso, achei floridos jardins.  

centros de convivência, áreas de repouso,

onde almas descansam da faina e da fadiga.

 

Se como dizem os meios justificam os fins

eu deva ter feito algo bom, lembrar não ouso,

Pra alma ocupar o lugar onde hoje se abriga.

PENA DE VIDA

Nonato Albuquerque 


Pena de morte, gritam nas ruas as vozes,

ante a avalanche da violência que salta 

aos olhos de quem vive o estupor da malta 

e se obriga a viver com a fúria dos algozes.


Por toda a parte, há lamentos atrozes; 

medo do crime que a todos sobressalta, 

já que o poder de vencê-lo estar em falta 

represado pela força de muitas fozes. 


No silêncio das igrejas mães desfiam rosários

pelos filhos que as facções silenciaram 

e passaram a viver no lado oposto da luz. 


Pena de vida a todos, advogam os emissários 

do alto, que dos humanos nunca se separam 

repetindo a lição do bem, do bom Jesus.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

UM NOVO SAMARITANO

Eu sou do tempo em que o tempo nem era

Vivia-se uma era, mas sem tal conotação.

Vim das cavernas ao topo da extrastosfera

Quisera eu provar toda essa locomoção  


 Vivi o paleolítico, o neolítico e se me dera

a esfera da mente ter da memória, noção

Diria que passei fases feito homem fera

Em tempo longevo de outra encarnação.


Roubei, matei, esfolei vidas, morri tantas

Pelo guante tirano que eu mesmo herdei

Até cobrar em mim, a dívida atrasada


Vivendo e aprendendo eu soube quantas

vezes foi preciso ir de vagabundo a rei

A ser samaritano em minha nova estrada.


segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Melquer e o mistério do sagrado altíssimo


Grande é a bondade do Eterno e infinita a sua misericórdia.

Sobre isso, conta-se que no Oriente antigo, na acolhedora cidade das palmeiras em que se transformara Jericó, era acerba a disputa de ideias religiosas e angustiante se fazia a intolerância de seus contendores. Nela, o velho Melquer, aplicado às vendas de candeias no mercado, se portava como sábio entre os que alimentavam as querelas da terra e discutiam os mistérios indecifráveis do céu.

A última delas dizia respeito a exigência de orar, sempre voltado para a Meca, atendendo a um preceito muçulmano. Para isso, todo fiel seguidor devia usar uma bússola como guia ou observar a posição do sol no tapete, enquanto repousava sua fronte na pedra de karballah.

O velho Melquer destoava de todas essas dogmáticas exigências. Orava com o rosto levantado para o alto, batendo no peito e fechando os olhos ao mundo exterior. A quem o condenava dizendo que ele insultava os ofícios do sagrado, por não buscar a orientação da honrada Meca, respondia paciente:

- O Eterno vive no mais alto dos céus. Mas Ele é tão abundantemente misericordioso que se permite mergulhar no profundo poço dos nossos corações. Por isso, alimento a minha prece dirigindo meu pensamento ao distante mais distante, mas que misteriosamente convive nas cercanias mais próxima do meu eu. Porque o Inacessível e o Inalcançável tem o dom de operar  seu poderoso ofício nas nas cumeeiras mais altas do firmamento, mas Pai amante dos seus filhos, sempre elege para repouso o colo sagrado de nossa alma.  

terça-feira, 10 de novembro de 2020

A DOENÇA DO BEIJO