Quando através do sono nos libertamos temporariamente do escafandro corporal, volitamos por entre a dimensão do eu mais puro e visualizamos cenas que, geralmente, só os sonhos conseguem externar. É do substrato desses sonhos - e da criação poética - que se constitui este diário, revelando a incrível magia da dimensão da espiritualidade.
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quarta-feira, 24 de maio de 2023
domingo, 21 de maio de 2023
UMA FORTALEZA SAUDADE
UMA FORTALEZA SAUDADE
Por Nonato Albuquerque
(in memoriam à Jáder de Carvalho)
O olhar de menino do interior,
que a cidade alcovitou um dia
adormeceu uma paisagem
de terra, água, amor e muito mar.
No porto onde naus descansam,
meu olhar desejou ser um navio
e singrar os sete mares do mundo
sem choro, medo e sem adeuses.
Não ia dizer nada a minha mãe,
que desligado o meu umbigo,
mantém aprisionado meu coração
com receio desse meu outro destino.
Nas areias do Mucuripe, flagro
ainda o menino já descalço
à sombra de um carvalho nome
poetando versos, vozes e (en)cantos.
Um dia, eu navio de mim mesmo,
velejei no mar da Vida a outro porto
onde vim jornalistar esse outro lado
que é o lado de lá, do lado mar.
O céu que os padres me vendiam
é lugar de trabalho, sem descanso,,
sem necessidades de indulgência,
nem petitório aos protetores santos.
Náufrago dessa enseada de luz
vejo surpreso, navios já cansados
atracarem neste porto, sem aviso
aos lenços em aceno de saudades.
Que a terra bárbara onde eu vivi
um tempo bom, bom tempo tenha;
e que o farol do mediúnico estafeta
brilhe com essa fortaleza saudade.
sexta-feira, 19 de maio de 2023
MEU REINO POR... UM CAFÉ E UM BOM LIVRO
Meu reino por um cavalo,
Virando a página do tempo,
quarta-feira, 3 de maio de 2023
RESGATE inspirado por Ciro Costa
Nas vagas noturnas, por onde o mar ressoa,
a nau dos infelizes avança, ganha espaço
transporta ao horizonte de uma nova coroa
vidas roubadas à custo de cutelo e baraço.
Da África berço mãe, que é o seu leito regaço,
os filhos dessa terra em galés se amontoa
respirando o acre do azedume e do bagaço
que lhe servem de alimento na líquida insoa
Quem de haveres do passado, essa lembrança
guarda para refletir no outro lado do espelho
que a roda do tempo, em outros dias, deslinda?
Os donos desses escravos hoje estão na dança
que as vidas mal vividas recebem a conselho
de resgatarem o mal feito por essa dívida ainda.
CC / 3.5.23