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terça-feira, 17 de dezembro de 2019

VERSOS IN VERSOS

eu navego
as alturas
como quem
abraça
um sonho

e acordo
as manhãs
esperando
que seja
doce meu dia
meu barco
estacionou
em porto
de nuvens
alvacentas
amarrado
ao diálogo
das sombras
onde está
meu porto
sou do alto
e não vejo
saída, senão
remar ao
meu passado
um dia
evolarei
do sonho
à realidade
como criança
que acorda
e sente fome
de leite
e correr
nas campinas

domingo, 8 de dezembro de 2019

EU NÃO NASCI DO PECADO


Eu não nasci do pecado, 
como ainda querem devoradores de bíblia,
que não sabem filtrar a letra morta
e consubstanciar no texto, o espírito.  

Eu nasci do amor,
esse sentimento que varre a poeira dos séculos
e que tem sido o alimento de animais
em todas as suas divisões de espécie.

Eu não nasci do medo
que advogam algumas mentes ignorantes
ao verdadeiro sentido da Vida.
Eu nasci da força da esperança de viver.

De me iluminar com essa existência
E iluminar o mundo à minha passagem.
Eu sou o ideal ansiado por Deus
Para cada pessoa que vive a sua fé.

E eu não vou morrer, acreditem!
Os que se apegam ao Ter, acabam
significando abrigo à desconfiança
E Deus é pai pra toda obra.

Somos imortais e, aqui, não falo
de imortalidade como se apenas
privilégio fosse dos que academizam 
um saber. Eles já o são em vida.

Eu não vou cair no pântano de Pan
como ainda afirmam os inocentes
Que preveem para si o mergulho
Da gota no oceano. Eu sou luz.

E saber que luz interpenetra tudo
Faz-me crer que eu sou, sendo. 
hoje aqui; amanhã renascendo de novo
Pelo amor. E por amor. Não pelo pecado.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Um Jesus entre tantos cristos

Eu vi um Jesus sem teto,
morador de rua, "homeless",
desempregado,
caído junto à fila do Sine.
Era um Jesus sem casa,
sem calçado, na calçada
de uma firma
que à noite acolhe mendigos
eu vi um Jesus insone
enrolado em folhas de jornais,
reivindicando
a solidariedade dos passantes.
Não vi nenhum cristão parar
e atender à súplica com a esmola
caritativa,
dos que desejam ganhar o céu
eu vi um Jesus morto de fome,
misturado a outros cristos
na sociedade
onde todos se dizem irmãos.


domingo, 17 de novembro de 2019

FORTALEZA SAUDADE

(in memoriam à Jáder de Carvalho)

o olhar de menino do interior, 
que a cidade alcovitou um dia 
adormeceu uma paisagem 
de terra, água, amor e muito mar.

no porto onde naus descansam 
meu olhar desejou ser um navio 
e singrar os sete mares do mundo 
sem choro, medo e sem adeuses. 

Não ia dizer nada a minha mãe 
que desligado o meu umbigo 
mantém aprisionado meu coração 
com receio desse meu outro destino 

Nas areias do Mucuripe, flagro 
ainda o menino já descalço 
à sombra de um carvalho nome 
poetando versos, vozes e (en)cantos 

Um dia, eu navio de mim mesmo 
velejei no mar da Vida a outro porto 
oonde vim jornalistar esse outro lado 
que é o lado de lá, do lado mar. 

o céu que os padres me vendiam 
é lugar de trabalho, sem descanso
sem necessidades de indulgência 
nem petitório aos protetores santos.

Náufrago dessa enseada de luz 
vejo surpreso, navios já cansados 
atracarem neste porto, sem aviso
aos lenços em aceno de saudades. 

Que a terra bárbara onde eu vivi 
um tempo bom, bom tempo tenha;
e que o farol do mediúnico estafeta
brilhe com essa fortaleza saudade. 

Vidas duplas


vivemos vidas duplas 
quando acordado e dormindo 
realidades convictas 
que fazem parte de um todo

quando despertos estamos 
correndo o mundo, vivendo 
as emoções que nos fazem 
melhores a cada instante 

quando no sono caímos 
estamos com outras pessoas 
que vivem duplos conosco 

também nos comunicamos 
com os que a nós todos 
antecederam na viagem. 

sábado, 16 de novembro de 2019

como entendo a terra, nesse momento

Reflexões
como entendo a terra, nesse momento

No princípio, a Terra era o destino-porto de todas as almas
sofridas pelo pecado de origem;
hospital-socorro às vítimas do erro e da injustiça;
escola-reformatório à todos os analfabetos de virtudes
e presídio-regenerador a quantos mancharam suas fichas de identificação.

E vieram os pseudo-sábios e escravizaram as almas doentias
atormentado-as ainda mais com o pecado do eterno.
Superlotaram o hospital com seus erros e injustiças;
desvirtuaram o ensino, analfabetizando até os que já eram virtuosos;
identificaram-se com o crime, cadastrando-se para as tormentas do presídio.

Eis que foram dadas novas e oportunas chances
aos que têm a alma em dor e já compreendem o pecado.
Esses, tomaram a frente para atender aos sem-hospitais e sem socorro;
matriculando-se na escola de todas as virtudes
e auxiliando aos encarcerados a compreender a justiça da lei e as leis de justiça.

Novos céus e novas terras são prometidos para daqui a pouco,
quando as almas dessa atual geração terminarem sua etapa missionária.
Os que socorrerem os que erram, clarificarão a Justiça;
os que escolarizarem a moral e a ética
se doutorarão em novas e mais sábias virtudes
E os que têm a cumprir a lei de causa e efeito
serão conduzidos a uma outra gênese,
Onde superlotarão novos hospitais,
matricular-se-ão em novas escolas
e ainda terão que suportar os efeitos da lei,
por amor ao amor e à causa da própria Justiça.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Carta de amor Opus 1

Carta de amor Opus 1
nonato albuquerque

escrevo-te essas bem traçadas linhas
para dar conta do que te devo, resposta
de como andam as tuas e as minhas
coisas, das muitas que a gente gosta

não sou de esconder em entrelinhas
a verdade que tenho e que bem posta
revela-te minha alma e se adivinhas
e ti entrego-te assim aqui exposta.

não rias desse meu vetusto gesto
de falar como nos velhos alfarrábios
é que somos de antepassadas eras

se nessa existência não te sou modesto
é que lições aprendi com outros sábios
a me guardar pra ti noutras esferas.

domingo, 10 de novembro de 2019

Celular e céu lugar


dos vícios meus,
que atento ainda descrevo
como inimigos
o do celular nesses dias de hoje
é o que mais compulsivo me faz.

deixei o cigarro
e hoje me alimento de ler
o celular
a cada depressivo instante meu
olho para ele e ele me responde

que diabo tudo isso!
me salvei de uma escravidão
e caí noutra
quando depurar-me de tudo isso
devo alcançar o céu, meu lugar. 

APELO


Nonato Albuquerque
ESCRITOS MEUS
Apelo
Nonato Albuquerque
Se minha voz, por acaso ou por descaso, se calar,
não emudeça a sua.
Fale o quanto for possível para que acorde
o acorde do meu som retido na garganta.
Se me detiverem os passos, caminhante eu vacile,
Por favor, ajude-me
a seguir nos braços teus por onde tu andares.
Se minhas mãos não escreverem mais uma só linha
ajuda a tecer com os olhos
o fio do coração a transmutar do silêncio o meu discurso.
Que eu não sou de me calar diante de qualquer tropeço.
Muito menos ainda,
deixar de ouvir as vozes que se afinam aos sons da minha.
Prometo andar contigo um século inteiro e mais um dia,
Até que eu, essência,
me liberte do casulo-corpo e circunavegue as alturas.

Currais da morte (a Fco. Carvalho)


ESCRITOS MEUS
Currais da morte (A Francisco Carvalho, in memoriam)
o canto de minha poesia, reside hoje em dia
na tradução mais legítima do presente.
Não cheira o álacre dos currais de gado
tampouco versa nas rimas dos aboios.
Adulta, ela se alimenta do hálito das nuvens,
Embriaga-se na brisa das crinas dos cavalos.
Longe das lambanças que, nos engenhos,
eu repuxava das gamelas o alfinim em fios.
Minha poesia desse tempo busca as rimas
Que tanto reclamei em noturnas temporadas
Quando só, primaverizava lúdicos sonhos.
Hoje, ela sobrevive da essência da saudade
E nessa dimensão busca recriar em fatias de luz
A alma que ganhei ao transpor os currais da morte.

A doença do beijo


quinta-feira, 7 de novembro de 2019

poema inacabado ao meu anjo de guarda


Meu anjo-de-guarda, que chamo de Francisco,
costuma tocar alaúde nas horas de meu sono
Num átimo de tempo, como se fosse um cisco
minha alma ganha os ares, do corpo em abandono.
na imensidão do cosmo a lhe buscar, volito
tentativa de achar o bem do meu passado
embora saiba que comigo, rumo ao infinito
ele cumpra a tarefa de estarmos lado a lado.
que eu eu não faça a esse anjo, nenhum pedido
que não seja o de render eterna companhia
para que a minha vida mágica se expanda
`(...)

terça-feira, 5 de novembro de 2019

RENASCIDO EM DORES


RENASCIDO EM DORES
Caminhante eu, era de outroras eras,
Entre bárbaros sequazes, vilões cruéis
A destruir sonhos, ideais, quimeras,
Por conquistas vãs, parcos lauréis.
Imaginava com assédio dessas feras,
O ideal: sagrar-me rei de antigos infiéis.
Arrostava sob o guante das esferas
Do mal, a sanha indomável dos corcéis.
Desolados corações deixei à passagem
Da horda sedentária, ruminei plagas,
A bramir ódio sob todos estertores.
Em armadura de carne e na voragem
Do tempo, me vi; corpo repleto em chagas
Para cumprir a Lei, renascido em dores.
Nonato Albuquerque
Sob a inspiração
de Jésus Gonçalves
16/11/2012

sábado, 2 de novembro de 2019

Tempo, senhor da razão


TEMPO, SENHOR DA RAZÃO
Assim como os antigos, temos muitos deuses
Embora nossa crença direcionada a um único.
Um deles é o Tempo. Ele é senhor de todos nós.
A nos mandar e comandar. Somos dele, escravos.
Perdê-lo, imperdoável. Matá-lo, pretensão tô-la.
Por isso, muitos estão a lembrar da sua corrida;
Da pressa que devemos, pois que ele é passante.
Que a hora é chegada, que o tempo não espera,
Que é perda de tempo se perder entre as horas
E, mesmo que tivéssemos mais do que as do dia,
O tempo entre o nascer e o deixar de ser, é ínfimo.
Na pressa dessa Vida, o Tempo é um cobrador
Que bate à nossa porta, exigindo a nossa pressa;
O tempo urge. A hora é chegada. Acabou o tempo.
Muito embora, esse deus, infinitamente dure.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

supremas delícias


Supremas delícias
Nonato Albuquerque


De que forma você vê o mundo lá fora?
Se o seu olho é magicalizado pelo verde
que a esperança sempre amabiliza,
então é de futuro o seu olhar o mundo...

Se, ao invés de flertar com o abismo,
você alteia seu olhar para as nuvens,
grandiosa é sua mente que abriga
as criações maiores da fonte Natureza.

Mas, se porém, o teu olhar é pérfido,
bloqueia o sonho e admite a dor,
renegas a tua própria essencialidade...

A vida é um poema que, em segredo,
a divindade compôs para que o olhar
(ab)sorva as suas supremas delícias.

domingo, 27 de outubro de 2019

NOVA ERA



Uma bandeira de luz, incorporada ao imaginário popular, nos remete à crença de que o Brasil é predestinado a ser Nação das nações em futuro não distante. 

Colegiando esse ideal, muitos espíritos de grado sentimento, se entrincheiram na expectativa de avançar nesse ensejo. Aguardam a ordem capitã que os moverá nos campos de batalha dessa nação, muito embora já tenha ecoado a trombeta universal da chamada ao trabalho. 

A Nova Era anunciada por Cristo na voragem que o tempo transmutou é a motivação maior para que os inscritos na tarefa acorram à luta. 

Mas que se faça compreensível a certeza de que, nesse mister, o inimigo a ser vencido é o que se insere em cada um via deturpações morais que amalgamamos ao correr dos séculos, O nosso maior inimigo está em nós mesmos. E eles se desdobra como um câncer em metástase no corpo inteiro.  

Os elementos medicamentosos para a cura dos males da alma estão na terapia oferecida pelo médico dos médicos, Jesus, cauterizando todas as nossas enfermidades morais que anestesiam as forças do bem. 

Que possamos agir com a pressa que o mundo exige, para que requalifiquemos o portentoso sonho de uma nação maior, edificada nas bases do amor cristão. Só o trabalho de cada um permitirá que a quintessência do sonho maior se estabeleça na vida real, para que se evite o pesadelo que o contrário pode acarretar. 

A FAMÍLIA É O ARCO DA FLECHA


A família deste plano
É grupo de amor e bem
Que começa no além
E vem cursar novo ano

Procura ser sem engano
A protetora de alguém
Que dos idos logo vem
Vestindo um novo pano

A vida de todos eles
Que se dedicam a isso
É uma aventura completa

Cabe à família daqueles
Que têm esse compromisso 
ser o arco de sua flecha 

GUERREIROS DO PASSADO AINDA SÃO GUERREIROS



os guerreiros do passado ainda são guerreiros 
mas vestem outras armaduras em vidas novas 
trazem corpos tatuados como os dos bucaneiros 
que singravam os mares em outras tantas provas 

os selvagens de outras vidas ainda correm inteiros 
as pradarias modernas do tempo e abrem covas 
sepultando as vítimas de tempos não ordeiros 
que a memória do ontem repõe em coisas novas

São os que aderem às facções e nivelam sentidos 
ao domínio do mal que urde sem fronteira 
entre guerreiros do ontem revividos hoje em dia

cavalgam motos velozes, aos vícios convertidos 
e matam e morrem com se essa morte herdeira 
fosse dessas malignas tribos seu mais forte guia. 

O BEM DA VIDA


PLENITUDE PAZ



Eu tenho mania de experienciar vidas.
Por isso, as tive muitas e ainda as terei.
Em meio a elas venci batalhas perdidas
ganhei lições sofridas nas que vagabundei

Essa mania de ter muitas vindas e idas
Mostra o quanto aprender ainda irei
Pois nascer e conviver com tantas lidas
Ajuda o progredir da alma, lição que herdei

Em todas essas existências que eu tive
Aprendi mesmo que eterna só é a alma
os corpos mudam e o tempo nos dá mais

Aprendi a amar e nesse eterno amor convive 
a certeza do ser imortal que sempre acalma 
saber que viverei até achar a plenitude paz.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

O amor do cristianismo


Asas de anjo roçam aos meus ouvidos
Como se um sopro farfalhasse flores
E respingassem sobre meus sentidos
Gotas de luz prodigalizando olores

De altas esferas a nós remetidos
o eco de anseio controlando as dores
que em bênçãos sejam eles convertidos
sinalizando os bens mitigadores

que esse anjo nos oportunize
vencer as nossas mazelas espúrias
disputadas pelo orgulho e egoísmo

que possa o bem chegar e se eternize
limpando nas almas odas as incúrias
e prevaleça o amor dos cristianismo.

domingo, 20 de outubro de 2019

Cum Dederit



Há uma estrofe na peça musical "Cum Dederit", de Antonio Lucio Vivaldi, que fala quando o sono da morte cai sobre um filho, Deus recompensa a família com frutos no ventre materno.

A música fala da misericórdia e da bondade do Senhor em magnificar a Vida com a transmutação de almas entre a matéria e a dimensão do espírito.

Nunca somos abandonados pelo Alto. Principalmente quando nos sentimos ligados a ele, pelos laços fluídicos do pensamento positivo e das boas obras.

Deus não nos abandona; nós é que damos as costas à sua justíssima lei do amor. Que, ao contrário, do que se dizia no passado de que Deus castiga os servos desobedientes e os lança nas profundezas do inferno, essa não é a verdade honesta dos escritos sagrados. Eles foram alterados por copistas mais atentos às suas idiossincrasias religiosas, marcadas por conteúdo personalistico e não do que fora plasmado do divino.

Cada ser é um universo individual a somar-se ao coletivo dos homens e mulheres que assumem essa corporificação, no afã de entesourar conhecimento em favor de si e do mundo.

Quando deixarmos de terceirizar as responsabilidades que só a nós compete e assumirmos de vez os riscos de nossos atos, deixaremos de invocar aos céus os porquês de porque nos fizeram isso; porquê nos enviaram tal provação, retirando de Deus a culpa pelo que somos e pelos que fazemos.

Deus é pai. E pai pra toda obra. E Ele, certamente, não deseja de nós senão a evolução no caminho que nós mesmos elegemos.  

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

P DE POESIA: ANTES QUE SEJA TARDE

ANTES QUE SEJA TARDE
de Nonato Albuquerque
Antes que seja tarde,
é preciso compreender esse tempo de mudanças;
Onde muitos se identificam com a desordem;
poucos, com a quietude
Onde as ruas estão repletas de adultos,
agindo como crianças indolentes;
ao mesmo tempo lotadas de menores
que se desumanizam adulterando-se.
Antes que seja tarde,
Preferível é correr o risco de não ser achado,
Do que se perder inutilmente.
Achar-se só, com suas ideias próprias
Do que ser solitário em meio a multidão.
Ainda precisamos de lideranças
que nos indiquem caminhos
e não de líderes que nos estorvem
com seus princípios inadmissíveis.
Antes que seja tarde,
É preciso amanhecer sereno,
Do que anoitecer sofrido.
Comungar esperanças,
Do que vomitar o caos.
Antes que seja tarde,
Amanhecer é preciso.
Amanhecer
Ser amanhã
Amanheceremos
Amanhã seremos.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

OLHAI POR NÓS, OS PESCADORES


OLHAI POR NÓS, OS PESCADORES

O homem de pele tostada pelo soberano sol
Admitia-se frágil diante de outro rei, o mar
E em sua indomável jangada de velas abertas
adentrava à fundo o caldeirão de Netuno

O resultado daquele dia fora insuficiente
mas ele jamais perdeu a esperança e a fé
de que logo, toda essa situação se reverteria
em pesca abundante quando voltar à terra.

“Senhor dos oceanos e das procelas”, rezava, 
auxiliai-nos a que nosso ganha pão se amplie
E jamais deitemos nessas águas, nossa confiança.

Olhai por nós, os pobres pescadores do mar
Que inventariamos essa existência, em favor
De dignificar vossa sagrada ajuda nessa colheita.  

O SEMEADOR DE ESTRELAS


o semeador de estrelas
Nonato Albuquerque
quem semeou estrelas na Terra,
certamente adormeceu sonhos
e acordou
esperanças de realizações.

no rastro de quem amou alguém
há sinais de luz sempre presente
apontando
certamente para o futuro
o túmulo da vida é perder a fé
e sintonizar-se com as relíquias
do que viveu,
sabendo-se eterno e imortal.
é preciso semear estrelas,
renovar a paisagem dos céus
e aprender
com o milagre da multiplicação.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

A tragédia do edifício Andréa


Sob os escombros do Andréa, 
o sonho de muitas famílias. 
O suor de muito trabalho. 
As lágrimas de muitas vitórias e derrotas. 

Quando desaba um prédio assim, como o Andréa,
causando danos a famílias, nele residentes; 
desabamos juntos com eles, lamentando 
as perdas e o que tenha motivado essa tragédia. 

Depois, passado alguns minutos, que a poeira baixa 
que bom ver pessoas dispensarem suas queixas, 
e dar as mãos à solidária forma de ajuda 
voluntariando-se ao trabalho de resgate. 

Homens do fogo, dispostos a tudo, 
profissionais de saúde, atentos às vidas;
seguranças e a vizinhança revelando 
o verdadeiro sentimento da amizade. 

Que se busquem as causas. Que se achem 
os culpados. Que se tome iniciativas 
em outros imóveis, de vistoriá-los: 
não apenas quando nos impactam as tragédias. 

Sempre que tragédias assim acontecem 
desaba a rotina de famílias envolvidas.
Muito embora se saiba, que continua de pé 
a incrível esperança. A única que nunca desaba.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Prece ao Cristo de Luz



Ó Cristo de luz,
Beatificado ser de todas as inspirações
Que de Deus emana a santa energia
E conclama a todos seguir sua rota.
Endereçai-nos
Pelas sendas do saber de vossa ciência,
Aquietando a paz de vossa virtude 
nos corações chagados de todos nós.
Que a vida nossa
Se estabeleça no saber que vós sois
O extremado filho do amor divino
Que nos foi enviado como exemplo.
Clarificai em nós
Todas as virtudes sãs da moral cristã
E abençoada seja a força animadora
que nos convida ao conhecimento vosso. 
É nosso dever
Vos amar de todo nosso coração
Para que o vosso evangelho de luz
se propague em nossa prática do bem.
Que essa prece 
chegue até vosso coração irradiante 
e derrame sobre todos nós, o bálsamo 
que necessitamos para curar as dores. 

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

OS ARQUÉTIPOS DOS ALTARES


Respeite as devoções de todos.
Se no hinduísmo há deuses para as mais diversas castas,
não é diferente a sagração dos católicos aos santos de sua crença.
O que são Brahma, Vishnu, Shiva, Ganexa, Rama e Krishna
senão o inventário místico dos que na dita igreja mãe,
são reverenciados como o santo da chuva,
o casamenteiro, o senhor dos aflitos?


Esses arquétipos são formas de visibilizar na Terra
o sublime senhor de tudo e de todos.

A dália não muda seu perfume quando emerge distante do jardim.

O LÍRIO ENTRE AS ROSAS

 

Tinha um lírio no meio das rosas
que ornavam o féretro do menino
uma faixa de adeus, versos e prosas
todos a lamentar seu cruel destino

Lágrimas, lenços em mãos carinhosas
Que se apertavam enquanto o sino
Dolente, tangia as pessoas chorosas
Buscando na dor entender esse ensino
 
Do lado de lá, onde a farsa não conta
E a vida é constante em sua dimensão
Tem riso e alegria por essa chegada
 
É que a pátria das almas ali se desponta
Cada vez que o corpo se oculta no chão

E a luz do que somos reinicia a jornada.  

sábado, 5 de outubro de 2019

FONTE DE LUZ


De Nonato Albuquerque

Da fonte de onde fui jorrado um dia,
Mais de meio século de caminhar já fiz.
Varei charcos. Morguei pântanos. Cruzei várzeas,
Rumo ao infinito de luz a que me destino.

Ajudei a cultivar terras áridas e a dessendentar
A secura desses caminhos onde nada cresce
e o deserto parece ter ressecado os corações.
Nunca me cansei. Fui do líquido ao gasoso,
Para chover sobre as minhas cabeceiras,
Para acalmar a brasura da minha alma panteísta,
Sedenta por chegar a um outro porto.
Barrado no caminho; sangrei com ajuda
De outras águas, para só então nas quedas
Ganhar força e me transportar a essa fonte de luz.

CÁRCERE

CÁRCERE
Nonato Albuquerque

Roubei uma fatia do teu coração, e me expus
a uma vida presa desse farrapo humano
que andarilho pelas ruas de meu destino,
como se carma fosse dessa nova aurora.
Sim, eu já vivi mil vezes. E já morri mil tantas
Que num lusco-fusco do tempo que alimento,
Essa hora que assisto, é tão só um minuto
Na eternidade dos séculos que eu existo.
Agora rogo ao divino, a misericordiosa ajuda
de libertar-me do cárcere de carne para que eu
Siga a rota milenar em tua perseguição.
Que armadura esconde esse teu anjo bom,
De quem roubei uma fatia apenas e tu cobras,
De mim, a paga como se a de um corpo todo.




domingo, 29 de setembro de 2019

A PARÁBOLA DO GIRASSOL REBELDE



A PARÁBOLA DO GIRASSOL REBELDE 
Nonato Albuquerque

No reino dos girassóis, 
todas as flores têm por dever de ofício,
saudarem o astro-rei quando acende ele 
sua roda de fogo nos céus.

Um dia, porém, um girassol mais novo 
negou-se a se curvar perante o Sol 
por achar naquele simples gesto, 
um ato de profunda humilhação. 

Algumas flores próximas a ele, 
intentaram seguir o mesmo caminho.
A maioria dos girassóis, comentou 
ser essa uma atitude descortês.

Todos tinham a consciência 
de que era da energia do soberano astro
que o mundo dos girassóis se nutria. 
E dela, a colheita se beneficiava.

A rebeldia súbita daquela flor, 
certamente, atrairia respostas.
Indesejáveis que fossem. E elas vieram
bem muito antes do que se esperava.

Na manhã seguinte, a flor rebelde do campo, 
amanheceu murcha, sem vida, 
com a haste estendida para o chão.
Sua queda arrastou algumas próximas. 

A Natureza tem leis imutáveis. 
Se temos a liberdade de arbítrio,
é certo, porém, atrairmos os efeitos 
de nossos próprios infortúnios.

Não é que o cosmos nos castigue, 
mas o oceano de luz que conduzimos
ao perder a ligação com o imensurável, 
isola-se do núcleo que emana força e luz.

Quando nos desobrigamos a cumprir a lei
do que diz ser correto o modo de vida
imantamos em nós as forças negativas 
que passam a nos dizimar internamente. 

Quando fugimos ao nosso dever consueto, 
ou impomos regras equivocadas ao eu, 
abrigamos o abismo em nossos corações
fugindo ao nosso destino, as estrelas. 

Quando esquecemos de tributar à Deus, 
nossa gratidão por cada dia que surge
permutamos o 'sapiens' da sabedoria, 
pelo homo-deus que é o nosso inimigo ego.