POÉTICA. Os dois cães que alimento
de Nonato Albuquerque (31 de janeiro de 2017)
Quando através do sono nos libertamos temporariamente do escafandro corporal, volitamos por entre a dimensão do eu mais puro e visualizamos cenas que, geralmente, só os sonhos conseguem externar. É do substrato desses sonhos - e da criação poética - que se constitui este diário, revelando a incrível magia da dimensão da espiritualidade.
POÉTICA. Os dois cães que alimento
de Nonato Albuquerque (31 de janeiro de 2017)
Eu tenho um rebanho
De almas que pastoro
Nas cercanias do céu
Com chuvas eu banho
Os meus dias de choro
Cavalgando esse tropel
Conduzo-as todas à luz
Embora sombras ainda
me requisitem o apego
É que eu ignoro a cruz
Que me liberta e finda
O que é desassossego
Quando tiver o vaqueiro
De ser também manada
Deus, que me pastoreie
Vou, como todo janeiro,
começar outra jornada
E que outra vida semeie.
Sou como um carvalho
Que não se desvanece
Diante da forte ventania
Madrugarei no orvalho
como a noite que tece
a sagrada virtude do dia
Conta-se que, certo
dia, o Nazareno
em sua longa caminhada
pela Terra
deparou-se com um jovem
gesareno
que por loucura a
todo mundo aterra.
Ao ver a figura de um
ser extraterreno,
o louco se agita por
saber que encerra
Ali o domínio do mal,
que é seu veneno
E que por anos a
fios, vivera ele em guerra.
“Que tens comigo, ó filho do altíssimo
Eu te suplico, rogo, não
me atormentes?"
ao ouvir a ordem imperativa de Jesus:
“Espírito imundo, sai
desse humildíssimo
corpo, quebro-te agora todas as correntes”
E as sombras do obsedado se fizeram luz.
Maravilha! citava
sempre dona Otília Cunha
sobre a brincadeira
que com o copo, ela fazia;
sem saber
que por trás de uma certa alcunha
um espírito galhofeiro, em verdade se escondia.
Aos
interessados em favor da fenomenologia
ele se passava
por alguém que até dispunha
de tempo
para fazer com que toda a aleivosia
se bastasse
ao que a doutrina mais se opunha.
A quem lhe
criticava, Otília dizia ser a entidade
um espírito de
luz que no alto astral chefiava
uma equipe com
quem mantinha grata simpatia.
Sim, o espírito
não mentia, contava a sua verdade
Mas de luz, ele apenas e tão somente recordava
Do eletricista que fora numa elétrica companhia.
Neném parteira, passou desta
para uma melhor há alguns anos
e chegou em meio a uma festa
Que lhe faziam em dois planos
Na Terra, seu nome empresta
Valor a gregos e a troianos
Trabalhou feito a ‘mulesta’
Pra cumprir dos céus os planos
Trouxe ao mundo vidas tantas
Pelas bênçãos desse ofício
Que marcaram a sua história.
E quando vieram as mudanças
Passou a emprestar benefício
A unidade reencarnatória.
Era de um tempo, um tempo já passado
Onde os amores nobres eram de fino trato
E cada um cuidava de seu bem amado
Para que nele o amor fosse amor de fato
Era de um tempo em que o namorado
Enviava flores e nas cartas sutil extrato
De seu aroma trazia o conteúdo perfumado
Por amor ao amor, para assim lhe ser grato.
Esse tempo passou e as reminiscências
Do ontem são guardadas na memória
De quem ainda pensa como antigamente.
Hoje, prevalece a paixão e as consequências
de tudo o que nem sempre lembra a história
dos dias do amor que foi o amor da gente.
Num futuro, anjos todos nós seremos.
Mas como ouvimos no "Bilhete Fraterno
Para alcançarmos esse patamar eterno
Preciso que todos nos aperfeiçoemos.
A generosidade dos espíritos já detemos
através da misericórdia do amor paterno
Com Cristo, Buda, Gandhi e Chico aprendemos
A ser melhores no externo e no interno
Como frisou João, em sua notável oratória
ao lembrar do amor a todos nesse ensino,
precisamos sair de nossa imobilidade.
Desapegar do eu egóico e ser história
Para ajudar o Planeta ir ao seu destino
Que nos dará o quântico salto para felicidade.
(feita durante reunião do CEJE, hoje)