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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

LIÇÕES

 

A pandemia que escancara a morte

como se da vida tivesse seu domínio

passará, não por um golpe de sorte

desde que mude o homem o ar abissínio

 

Será uma batalha de gigante porte  

a mudar na alma humana o tirocínio

do bem, que em nós é o passaporte

para a evolução por meio do raciocínio.

 

Não somos apenas animais tutelados

por um pastor que a tudo nos controla

e nos restringe a um saber casuístico

 

Se ainda não temos maiores cuidados

é que valores apreendidos na escola

são teóricos, como os do evangelho crístico

DE FEITORA À PROFESSORA

 Diz a essa alma que se banha

que a limpeza mais desejada

É aquela que se entranha

No íntimo de sua pousada

 

A tarefa é boa, mas estranha

é que a sua morada

interior ainda abocanha

sujeira de uma vida passada

 

no país do sol nascente

ela foi gueixa esclarecida

mas de escravos foi sua feitora

 

voltou na vida presente

a pagar o karma dessa vida

na pele de simples professora. 

DONO DE MIM, DO MEU DESTINO

 Hoje, quando o sol for embora 

eu não lamentarei sua ausência

porque sei que em outra aurora

Ele virá e da vida tomarei ciência 


Hoje quando findar a paciência 

Não me rebelarei como outrora

Porque sei que a minha essência 

É filha do altíssimo a quem adora


Se por um motivo qualquer venha 

Chorar, aliviarei o peso da amargura 

Louvando ao Senhor, eterno, divino. 


Cantarei louvores e embora tenha 

Que alterar toda a minha estrutura 

Serei eu dono de mim, do meu destino

domingo, 21 de fevereiro de 2021

FONTES

às vezes, eu me pergunto se o que escrevo 

nas horas de meditativas preces, 

são originadas de mim mesmo 

ou fruto de outras abençoadas messes. 


é que eu, atento a tudo o que observo, 

fico na dúvida se não acontece 

de serem os versos que eu aqui pesco 

de alguma fonte que me abastece. 


eu preciso de respostas a esses tormentos 

para que eu saiba o que é meu

e o que sopram outros ventos 

seja da terra ou oxalá do céu 


... 


DO MORTO QUE ESTÁ VIVO

 

E eu me achava poeta, antes de ver o que gera

uma sociedade inteiramente nova, diferente.

Fecundamente linda, bela. De coisas e de gente

que parecem flutuar no encanto dessa esfera.

 

E eu que me fiz cético, me achando inteligente

A achar que crença era coisa de quem espera

influência sobre outra pessoa para fazê-la crente

e depois dominá-la sob os efeitos de quimera.

 

Foi preciso pegar um barco pelo rio das mortes

E ao lado de Caronte, singrar entre os tormentos

Da perda física, a chance de achar o novo porto.

 

Ao chegar vi que não se exigem os passaportes

Da fama, nem da sabedoria, ou de outros tentos

Que me façam crer, de que aqui não estou morto.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

O PRÍNCIPE DOS POETAS, VIVE

Eu, príncipe, que outrora assim me vi

retorno ao lar de onde tudo se origina 

E com a clareza cristalina, descobri 

Que tudo o que aí começa, aí termina.


A vida maior difere de tudo, imagina 

a vã filosofia que tantas vezes li. 

É feita do que é simples e determina 

Vencer o orgulho que anterior vivi. 


Sábio não é quem diante da verdade, 

que fere suas idiossincrasias vãs,

não reconheça e dê mão à palmatória 


Permitam-me dizer que a eternidade 

é só o fim da ponte onde as manhãs 

acordam o dia novo da outra história.


(inspirada en Arthur Eduardo Benevides)

31.05.2020

O SER IRMÃO DO MONTE

Eu, analista de mim mesmo, acordo

de um sono profundo que se desabara

entre a dor no peito e a visão mais rara

de um mundo novo que só aqui concordo.

 

Eu nunca fui de rezas. E se me recordo

a Ciência era minha igreja, onde aplicara

todo o conhecimento que me devotara

ao ensino de Freud que ainda aqui ancoro.

 

Não me exponha à vista dos meus pares

Como um morto que virou um santo

de terreiro, embora guarde eu respeito

 

Sou alma vilã, poética, que viveu em bares

sorvendo do néctar da poesia, o encanto

E achando a morte o fim, que já não aceito.

O OURO QUE ME FARÁ FELIZ

 O coração

é chão sagrado

onde palmilha

o rastro dos teus rastros

Consolo

ao amargurado

pranto que trilha

dos infinitos astros

 

a minha voz

alma sedenta

a buscar na luz

de teus ensinamentos

o amor maior

que alimenta

o conhecer Jesus

em todos os momentos

 

Sou quem busco 

nesse universo

onde prescruto

as bátegas de aprendiz,

transformar 

através do verso

ainda bruto,

o ouro que me fará feliz.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

AS VESTES DA ALMA

nonato albuquerque

 

que roupa veste tu, nesta jornada presente?

Corpo sadio, sem problemas algum? Que bom!

Torna-te grato à engenharia sideral

pela oportuna chance de transitar sem sequelas de vidas outras,

nas quais as marcas do passado jungiram-se às novas vestes.

Há milhares de seres que, na vida atual,

detém registros cármicos alusivos à sua postura moral e comportamental.

Evidente que não se trata de castigos dos céus

- nós somos os construtores do nosso destino -,

mas apenas a paga da Justiça que se opera de forma eficaz

em nosssos arquivos akáshicos. Esses deficientes, porém,

operam em admirável superação.

Alguns chegam a altear-se mais do que os ditos sãos.

Na verdade, somos resultados de pretéritas existências,

costurando no presente as futuras vestes

que irão dar visibilidade a uma parte de nossa gênese anímica.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Do amor poesia e dessas coisas singulares

Nonato Albuquerque
O amor tem formas.
Só o coração entende.
Nutre-se de luz -
'lumina essência',
Bondade fecundada
que nos embriaga de prazer.
De seu cálice dourado,
o nutriente do amor
derrama o néctar
supremo da Vida
- suave perfume
que se esparge entre amantes.
O amor é um sonho
- como adoçam os poetas.
Alegra-se na dor
- adormescência
e reflete sobejamente
na alegria de sê-lo...
De cada gesto do qual
o amor se inspire,
hálito divino
que entre nós rescende,
como nunca soube-se
traduzi-lo...
O amor é benção
- e, nele, nos fortalecemos.
Augúrio de paz e
Ciência - paciência!
Motivo único para o existir
da humana idade.
Desse amor que transmuta tempo e espaço,
que vai do corpo a alma
- espiritualidade!
a divina presença se corporifica
e se nos revela...
(feita para homenagear meu pai Mário, dia 21/6/2009)