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terça-feira, 18 de abril de 2023

POESIA: ODE A GILMAR

 ODE À GILMAR

A predadora senhora dessa floresta humana,
desceu sob o flanco do carvalho sua fatídica lâmina,
E por servir-se a essa pandemia tirana
decepa de sua raiz a pura seiva ânima.
A vítima, trazendo na cauda de seu nome, o mar
mergulha no lago onde ainda habita Caronte
indo juntar-se às criaturas seletas de outro ar,
como propugnam os deuses ser nossa fonte.
Eu que, por mim, traduzo as dúvidas tantas,
entre o existir terreno e no que se diz pós-morte,
vibro que seja verdade o que alguns teimam em aceitar
Pela razão simples de que a essas almas santas
possamos um dia revê-las com tal sorte
que iremos dizer, tudo que é vivo, vive. Viva Gilmar!
Pode ser uma ilustração

sábado, 15 de abril de 2023

O mouro morto do velho Tejo

 Ó grandioso e majestosíssimo mar

de onde espelho este céu

que hoje mourejo,

nas cercanias do Porto vivi eu

levando o barco

de meu corpo ao velho Tejo.

 

Quem pra desmentir o que sou

Se estou sendo?

A JÓIA

 

O sonho da casa minha invadida

Por ricos 

interessados em uma jóia

Me leva a imaginar

Que deva estar próxima

Uma perda maior em minha vida.

A CHAGA DE TODA ALMA

 Na madureza efêmera dos meus dias

Sabedoria é lucro, disciplina método.

sei avaliar bem quanto tudo isso custa

sem me maldizer dos erros exercidos.

 

Das amizades muitas, somei milhares

das que me ensinaram fé e esperança;

a prática do que aprendi me robustece

e me dá sentido para enfrentar a morte.

 

Do passado, saberei evitar o velho bordão 

de achar que bom eram os outros tempos

qundo o presente é o ganho do que fomos


viver, nesse modesto meu entendimento

é sublimar o divino acima do mais profano

e dominar o medo, a chaga de toda alma. 

(15.4.23)



segunda-feira, 10 de abril de 2023

POESIA PARA UMA LOIRA DESPOSADA DO SOL QUE ANIVERSARIA

FORTALEZA297.COM.CE

Nonato Albuquerque


 

Fortaleza, cidade ponto com

De tribos muitas,

Com/unidades tantas;

Idades comuns quantas se achem

por suas ruas apinhadas de carros muitos

Fortaleza de caras e bocas

a ponto de cantar

e contar estórias de seu povo.

Karmas e loucas, brancos guerreiros

Bulinando as iracemas de nossa beira mar.

Fortaleza ponto com sumo,

consumida

Por quem se agita

nas praias de sol(bemol)aradas

Sintonia do canto, do conto, do quanto

amo, do cais do porto à barra da tua saia.

Fortaleza, cidade ponto comedida

Medida de alto a baixo,

Compro metida com seu tempo,

sem planos pro passado

No espaço verticalizado onde habitamos.

Cidade de idade nova,

novidade velha

É teu logo que logo vem à nossa mente

‘Loira desposada do sol’

cidade ardente de luz

Que induz desejos ponto com somente.

Fortaleza de pontos com

ver gentes

Urbana metrópole, suburbana cara

Trafegamos contigo por esse mar

De carros e carros e carros e mais carros.

Neste novo dia de tu mudar de idade

Queremos é ter na mente,

eternizar-te

tatuando no baobá enorme do Passeio

o coração de amante

dessa bem amada, a/mor/cidade.

sábado, 8 de abril de 2023

Compreendida, a morte é terna.

 

Todo começo leva a um fim.

Do mesmo modo

que todo fim é certeza de começo.

A morte, por exemplo.

Funciona à semelhança de uma semente,

Que se enterra para que dela

Se prestigie toda uma colheita.

A morte, pensada assim, não existe.

É o começo de outra vida.

Compreendida, a morte é terna.  

POESIA EM TEMPOS DE PANDEMIA


 

sexta-feira, 7 de abril de 2023

CRÔNICA DE 1990. 'Os que foram pegos pra Cristo'

 

Texto publicado no O Povo de 7.4.90 quando trabalhávamos na redação do Vida&Arte, sob a editoria de Miguel Macedo

LEITURAS. Um texto sobre os que foram pegos pra Cristo

 

Era uma quarta feira de abril. 1990. Redação apressando o fechamento de O Povo para a edição da sexta feira santa. O editor do Vida & Arte, Miguel Macedo (de tanta querência nossa) nos contou estar um espaço enorme vago que precisava ser preenchido. E ele não tinha mais nenhuma matéria de gaveta.  O segundo caderno fechava mais cedo, meio dia na redação. E eu disse: deixa eu me sentar aqui à máquina e vou tentar um texto sobre a semana santa. 

Surpreendendo até mesmo aos meus 30 anos de idade, "recebi" em poucos minutos esse texto, que consigo resgatar junto ao Arquivo de O Povo.  Eu me lembro que, na Câmara Municipal, um vereador chegou a citá-lo pedindo à presidência que se fizesse a transcrição nos autos do dia. 

Imprressionante, também, ele está atualíssimo, passado todo esse tempo.

sábado, 1 de abril de 2023

DOR, SEMENTE ABENÇOADA

 Ai de quem vive a dor por descaminho

na estrada árdua que a vida lhe impõe.

Não tira proveito e lança em desalinho

A alma insigne que a tudo se expõe

 

Cada passo que se fizer nesse caminho

é semente bendita que logo se recompõe

Em fruto abençoado, como se faz ao vinho

A uva trabalhada no sumo que a compõe

 

Quem dera entendesse cada ser humano 

que o bem sofrer a tudo nos transforma

E nos conduz a páramos celestiais de luz

 

Não que se intente em masoquista plano

Mas ao captar a dor dessa notável forma  

define-se o puro amor que dela fez Jesus.