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sexta-feira, 24 de novembro de 2017

P de poesia

eu sou um homem calmo
calmo como quando o rio
deixa de correr e se deita
no leito de suas mil águas

eu sou alguém que palmo
a palmo aceita um desafio
foge de quem se aproveita
só pra contar suas mágoas

eu sou um bicho que anda
em dias desse meu báratro
com as pernas, minhas duas

e quando a noite desanda,
me arrasto por esse quarto
já que não vou mais às ruas


quinta-feira, 2 de novembro de 2017

ARTIGO. A superação do ator Christopher Reeve

O caso Reeve

Christopher Reeve foi um ator mediano, que se imortalizou pelo Super Homem que fez no Cinema. Ele nunca ganhou um prémio da Academia de Ciências de Hollywood, mas um feito seu o torna admirável aos nossos olhos.

Quando sofreu o tombo do cavalo durante partida de polo, em maio de 1995, enquanto aguardava o resultado dos exames, confidenciou a sua esposa Danna que, se  ficasse tetraplégico, ele autorizava  a realização da eutanásia, a morte branca. A esposa reagiu contra, mandando que se fizesse superhomem naquele instante. Ele se calou e mesmo tendo ficado tetraplégico, Christopher impôs uma mudança em sua vida.

Preso a uma cadeira de rodas, Reeve investiu todo o patrimônio de seus filmes e criou a Fundação Christopher Reeve, empenhada em pesquisar as células tronco. Passou a ser ele próprio uma cobaia humana do projeto. E, entre amigos, deu um prazo para que o "milagre" acontecesse.

Otimista, ele dizia até que um dia se levantaria da cadeira. E citou que até novembro de 2003, ele estaria de pé. Pois no dia 23 desse mês e ano citado pelo ator, ele foi convidado a entregar um prêmio ao presidente da Itália, Carol Ciampi, durante conferência da ONU.

Ao término da solenidade, uma pessoa teria lhe indagado sobre a pesquisa de sua empresa e a promessa de que se levantaria da cadeira de rodas, como se quisesse fazer pouco do que ele havia prometido. Dizem que os olhos azuis de Christopher Reeve ficaram ainda mais brilhantes e ele teria respondido: "Meu filho, eu já me levantei dentro de mim", referindo-se ao dia em que ele pensou em morrer.

Christopher deixou o corpo físico no dia 19 de outubro de 2004, aos 52 anos de idade.

domingo, 29 de outubro de 2017

Fundo do mar

Dentro da imensidão do mar
correm rios de luz,
por onde transitam peixes
de todas as espécies.

Cardumes de sargos de dentes,
robalos, tainhas,
camurupins, tarpões e ciobas,
enfileiram-se no mar.

Numa nuvem espessa de xaréus
circunavegam corvinas,
dourados do mar se engolfinham
entre mil espadartes.

Quem para apreciar a riqueza
do fundo das águas
senão os elementais que guardam
e integram a Natureza.

Um bando de garoupas e marlins
sinfonizam uma dança
enquanto baleias atravessam ondas 
de golfinhos a lhe guiarem.

Uma pescada mais ousada vai 
até o espelho dágua
e pela ousadia de vir à superfície 
se faz ainda mais pescada

No mar de tantos mundos, afloram 
espécies curiosas, belas. 
Namorados, cavalas, meros, pargos
e tantos seres aquáticos. 

Há uma ponte entre o ar e as águas;
de tão sutil que é,
invisível se faz ao olho humano
que tente prescrutá-la

Um dia, quando os mortos do mar
se levantarem em juízo
e os mortos da terra se alinharem
não haverá mais divisor

No abismo do mais fundo oceano 
esses seres vigiam 
palácios e riquezas que só a alma
dos poetas sabem traduzi-las.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

A importância da mulher na experiência do Cristo

Nonato Albuquerque

Para que não se perca da memória a importância da mulher na experiência terrena do Cristo, necessário é lembrar que ela se faz presente e de forma incomum nas narrativas do Novo Testamento, ainda que a humanidade nem sempre ressalte esse rico detalhe.
É de Maria, a santíssima genitora desse avatar supremo, a primeira citação dos evangelistas, notabilizando-a desde o instante em que ela se humilda ao anúncio do anjo Gabriel, antecipando-lhe a origem luminosa do próximo nascituro. “Seja feita a vossa vontade”.
É da sogra de Simão, verdadeiramente, o primeiro milagre compartilhado por Cristo a uma pessoa. Beneficiada com a efusão de novas energias que dele recebe, ela recupera a saúde e, de bom-grado, passa a dispensar ao seu curador e visitantes o tratamento sempre cordato e hospitaleiro de seu povo.É da atenciosa pecadora de quem os evangelistas guardam o anonimato, por um respeitoso gesto de caridade, que o livro registra a sua aparição repentina no caminho do mestre, a dedicar-lhe mais atenção do que o fariseu petulante que desavergonhadamente a destratara.
É de mulheres que legitimam o interesse no bem, o grupo que acompanha o roteiro luminoso do mestre na caminhada de ensinamentos que ele dispensa a todos. Entre elas, destacam-se Madalena, Joana de Cuza e Susana.É da filha do príncipe Jairo que, aos 12 anos de nascida experimenta o trâmite da dolorosa provação, de que fala o episódio da cura depois que o amoroso pai se lança aos pés do Cristo, implorando sua prestimosa ajuda.
E o que dizer da mulher hemorroíssa que, padecente 12 anos desses sofreres, se destaca da multidão ao tocar a orla das vestes de Jesus, a ponto de extrair-lhe uma grande emanação energética? “De mim saía uma virtude”.
Das irmãs Marta e de Maria, recolhe ele a oportuna chance de orientar o ensino sobre a importância de cada um informar-se sobre a vida espiritual e de não apenas dedicar-se às coisas da matéria.São mulheres, as personagens eleitas por ele para transmitir as significativas parábolas da dracma perdida e da viúva reclamante junto ao juiz opressor.
E quem ele destaca como mais importante entre os ricos que lançavam suas oferendas no gazofilácio? É exatamente a figura simples da mulher viúva que, mesmo na indigência mais acentuada, dava tudo o que lhe restava para o seu sustento.
É de Verônica, que se guarda o registro de sua face banhada em sangue quando a caminho do calvário.
E, já posto fora do corpo pela truculência dos homens, é de Maria, de Madalena e de Joana de Cuza aos pés da cruz, que falam os apóstolos, no instante em que ao lado do varão José de Arimatéia recolhem o corpo do homem santo para o sepultamento.
E foi a uma mulher, Maria de Magdala, que ao terceiro dia de sua passagem, ele ressurge, irradiando o consolo e a certeza de que a morte é tão somente uma mudança de planos. E que a Vida, ressurgente no ventre de toda mulher que se dispõe ao papel de mãe, se distingue pela anterioridade e posterioridade de cada indivíduo na Terra.
Embora convivesse com o mundo masculino no seu apostolado, Jesus consagrou respeito e admiração à mulher por onde transitou, ao longo dos anos em que dispensou ao mundo a sua tão marcante presença.

sábado, 30 de setembro de 2017

Nos braços de Jesus


Eu trouxe de onde vim, uma saudade
da casa, dos amigos, do corpo velho
que larguei em outros dias de amizade
quando pouco era o saber do evangelho

Hoje, mirando-me em um novo espelho
refaço a vida longa nessa idade
em que ouço de Deus, esse conselho
de amar buscando ter mais caridade

Não tenho nada de nada pra contar,
tampouco alguma coisa para ensinar
mas devo gratidão por essa luz

que iluminou bastante a vida minha
quando cheguei tão só, aqui sozinha,
e achei-me nos braços de Jesus. 


Psicografada em 29.9.2017

domingo, 17 de setembro de 2017

Ó iluminado Senhor de todos os astros

(Nonato Albuquerque dedicado a Sta. Teresa D´Avila)

Ó iluminado Senhor, de todos astros, 
a quem ouso falar com tal intimidade, 
não esqueçais de prover nossa humanidade
com o sinal de vossos luminosos rastros

acesa está em nós, essa santa verdade;
vossa flama içada em nossos tantos mastros
merece ser lembrada em cada um dos claustros
orando e tecendo nossa espiritualidade.

Mas se, porventura, de vós nos ausentarmos
não morra nunca em nós, essa bendita crença,
Preciso é pois se ater a tão sagrada obra

Para no amor, com todos reencontrarmos,
a ciência da paz, paciência, na presença
de Pai, que amor nos dá e só amor nos cobra

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

PROMESSA MÍSTICA

PROMESSA MÍSTICA
nonato albuquerque
15;9.2017
Enquanto houver tempo para se fazer o bem, 
que se faça.
A vida é experiência única de revitalizar-se.
Se a dor buscar motivo para te inquietar,
por bem, se acalme.
Nada do que é passageiro altera a nossa alma.
Signifique rumo à estrada que fazes, paciente.;
Segue atento.
E celebre a cada noite, a gratidão em prece.
Se o tempo do bem não recolhe os frutos da vitória,
paciência!.
Nenhuma semente magicaliza-se da noite para o dia.
Dê tempo ao tempo para que nasça dentro de ti
essa certeza;
de que mais dia, menos dia, abrigaremos sonhos.
E quando for hora de despertar dessa magia,
acorde a todos.
E conte como foi calmo, o tempo de passagem.
Se lestes até aqui, que o sabor dessa mensagem
te penetre.
e transmute em bênçãos, teu íntimo ambiente.

sábado, 29 de julho de 2017

APOSTAS ATRAEM ESPERANÇA

APOSTAS ATRAEM ESPERANÇA
Nonato Albuquerque
É fato comum, entre os que fazem jogos de azar ,
apostarem na sorte que a outros ela bafeja;
e com essa ditosa glória de milionário, sonhar.
em ganhar o prêmio, qualquer valor que seja
Na verdade, as loterias dão ao homem um ar
de grandeza; de serem tudo o que se almeja
Afinal, até a hora do sorteio, vive-se a planejar
o sonho de ser no mundo, aquilo que se deseja
quem joga, aposta mesmo é na força venturosa
que é motivadora em nós dos grandes ideais
e que na Terra a todo ser humano alcança
Até o dia do sorteio, vive-se uma vida cor de rosa,
fazendo planos que o jogo alimenta mais,
com o bem que todos chamamos esperança.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

sexta-feira, 14 de abril de 2017

natal no planeta

Nonato Albuquerque

A acrisolada partitura do cântico se renova.
Eleva-se das paragens terrenas um meigo afeto
Ao menino virtude que do céu se fez e objeto
É de desejo para seguirmos os passos seus na prova.


Entoam-se hinos de louvores e de cada alcova
Onde dormitam sonhos em meio ao rude concreto,
Ressurgem esperanças de albergar sob esse teto

A força da paz substituindo a dor que se reprova.

Sublime lembrança nossa desse espírito modelo,
Põe-nos outra vez na mira de tua preferência;
Inunda-nos de amor para que a vida não seja apenas isto:


Um mar de provas, onde muitas vezes nosso apelo
É para que encontremos bálsamos na luz da ciência
Quando a medicação já temos e ela se chama Cristo.


dezembro 9, 2007

Sobre as trilhas onde vão dar outros trilhos

Dias de chumbo, esses em que vivemos. Céus de nuvens grávidas. Os homens voam mas já temem que as asas de artifício lhes transtornem os dias, lhes dobrem os meses, lhes encurtem os anos… Com medo do céu, resgata-se o prazer de viajar pelas estradas.
O Brasil é serpenteado por elas; muitas em estado de desolação completa; mas aonde elas vão, elas nos levam…
Houve um tempo em que as estradas eram caminhos de ferro e por sobre os trilhos navegavam os vapores das marias inundando de fumagem e fuligem os que embarcavam ou não.
Hoje, os cavalos de ferro já não correm pelos interiores,
comendo chão, devorando túneis, embocando nos cortes;
e nem se fazem mais os caminhos como antigamente.

No passado, os ares eram destinados às aves que voam,
os passarinhos. Ninhos de cobra, esses monstros voadores
hoje chocam ovos de destruição e que alimentam a Morte.

E o homem que inventou Santos Dumont que inventou o avião que inventou de viajar por esse inventivo país
até chegar aos dias de hoje, se sente desolado, inquieto,

quando a absurda cor da noite envolve com seu manto
uma dessas fortalezas voadoras que, num átimo de tempo,
choca-se, despedindo-se da pista que deu “end” em Congonhas.


Eu, selvagem de primeira viagem, botocudo de pai e mãe,
sustento a palavra, bato o pé, engulo o choro e decidido sou:
só viajo agora pelos cipós das matas… e olhe lá quando e como!…

(escrita em dezembro de 2007 por ocasião da queda de um avião em Congonhas)

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Eterna Idade

a dor da mãe
por ver seu filho morto,
só encontra lenitivo
na esperança do encontro
em um outro porto.

a fé do pai
pelo rebento perdido,
recolhe as forças
na certeza de que tudo
na vida faz sentido.

o amor de todos
ressabe a saudade
mas infinita crença
nos põe a certeza
da eternidade.

domingo, 26 de março de 2017

A SOLIDÃO DOS ANOS

Eu tenho anjos que me visitam em agosto
Quando setembro me deixam os orixás
Como em abril os duendes me cortejam
Não sofro o adeus que o outro mês me traz

Um unicórnio cavalga comigo em maio
E verte do altiplano em julho a quintessência
Do aroma mais sutil de fadas madrinhas.
Em julho, gnomos me dão de si toda ciência

Em dias chuvosos como esse que atravesso
O espectro da vidência de meu chacra
Amplia-se e adentra o íntimo dos meses.

escrevo essas loucuras para curar o vazio
que a solidão dos anos tentam encharcar 
e que março me indispõe a esses reveses  

sábado, 25 de março de 2017

O verso que se fez música do meu ego

O verso que se fez música do meu ego, 
tangenciou-se a rumos mais sensíveis; 
bocas famintas do belo o trituraram 
até fazê-lo escorrer por entre as arcadas 

a música que se fez do verso meu, eco 
sonorizou ouvidos e realimentou bocas; 
foi vista circunavegando em pleno éter 
como se fruto fosse das hertzianas ondas. 

Que anjo bordou todas as cores do som 
e despejou seus raios luminosos
por entre sensíveis emoções à flor da pele? 

Eu só conheço de mim o verso que liberta 
a poesia do amanhã, para que uma vez mais 
o amanhã venha quebrar todo o silêncio. 

(Nonato Albuquerque)

quarta-feira, 15 de março de 2017

ESCRITOS MEUS

Escritos Meus
para os que ficam depois que eu tiver ido
de Nonato Albuquerque

O corpo que agora baixa à essa sepultura
Não sou eu - diria o morto se fosse ouvido.
É apenas o invólucro temporário que a essa altura
Estende-se ao chão e da vida é agradecido.

A alma que eu sou e mostra desenvoltura,
Permanece de pé, com todo seu sentido.
Eu permaneço ativo, vivo ainda a aventura
Que a vida me propôs e a tenho defendido.


Ah! crença vã dos que pensam dessa maneira
Que ao último suspiro, a vida entrega os pontos!
Como gostaria eu de provar a todos quantos



assim mourejam na Terra essa fé sem eira, 
Que somos eternos e ambientamos contos
Que em outros planos se renovam em cantos 

CAUSAS E EFEITOS

Nonato Albuquerque
(para Francisco Carvalho, in memorian)
O fogo que lambeu o corpo de Jeane D´Arc, 
foi o mesmo que anulou o ar de Iscariotes
O nó que apertou a garganta do inconfidente
ecoou tempos depois na traqueia de Tancredo.

O báratro atroz que incendiou Jan de Husine
iluminou Hipollyte Rivail a uma nova revelação.
E os tormentos da alma vividos por Aleijadinho
Foram peças no resgate do artista Michelangelo
A vida é una, mas as existências múltiplas
Nelas se entrechocam os efeitos e as causas
do nascer, morrer, renascer e progredir sempre
Se o mal reclama converter a paga em igual moeda
O bem, ainda mais; reconduz ao seio da felicidade
Os que amam a Deus e estendem o bem ao próximo.