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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

2018 - 2019



P DE POESIA


domingo, 30 de dezembro de 2018

CRISÁLIDA HUMANA



Nonato Albuquerque 
A vida inteira, 
o homem arrasta-se pelo mundo
como qualquer outro ser.

Mas tem uma hora que ele
repete o milagre da lagarta..

Veste o lençol magicalizado da morte 
e dorme em um casulo 
um silencioso e profundo sono.

Seu eu interior, porém, 
liberta-se do pesado jugo da vida física 
e ganha as alturas 
como uma invejável e esvoaçante borboleta.




(30.12.2018)


sábado, 29 de dezembro de 2018

ANO NOVO

nonato albuquerque
Para preparar o ano novo que se deseja
preciso é que se tenha bons ingredientes. 
Um pouco de esperança para que nele esteja
acertadas as bases de mui boas sementes
Há que se usar da paciência. E quem almeja
viver bem, a paz deve ser um dos presentes
mais importantes para que nos proteja
e dê sentido aos dias de nervos mais ardentes
O ano pode ter um tanto de muita alegria
para equilibrar quando a tristeza der as caras
e tenhamos que vencer algumas das barreiras
Se a gente se resguardar bem, verá que a cena
do tempo vai nos trazer as forças mais raras
para alimentar de bons motivos nossas fileiras

Fale comigo. Mostre-me algo novo
eu vivo de passado nesse abrigo etéreo
onde rumina a escória de todo esse povo
que não se achou na vida, nem no cemitério  

Como vão todos? Quem continua sério
e quem ainda mente, existe algum renovo?
encontrei aqui, gente com ar funéreo
tipo que não passa de um baba-ovo.

Não me peça novidades, eu não tenho.
Não pergunte se é verão ou se é inverno
desse lado, a gente não morre, vive.

hoje, livrei-me das amarras e aqui venho
dizer que não vivo no céu, nem no inferno
mas que dá saudade da Terra, onde estive.

POEMA-DOR QUE ME PEGOU PRA CRISTO


Esse poema me custou parte de minha vida.
Me retalhou a alma. Escancarou meu pranto.
Deixou-me de quatro, num beco sem saída
a lamentar o tempo perdido e o todo encanto.

As vísceras de meu ser expôs na avenida
daquilo que não almoço e nem mais janto
por temer reabrir em mim, mal curada ferida 
esse poema custa a paz de qualquer santo

Remoeu dentro de mim, ânsias do passado;
noites mal dormidas. Vingança indesejável.
A construção dele custou-me tudo, tudo isto.

Cada tijolo que fiz letrar aqui, me foi marcado
a ferro e fogo. Há um termo, até impublicável
pois que esse poema-dor me pegou pra Cristo.

A GRAÇA DO 2019

o ano chega com mais garantia
para aqueles que se diziam cansados do outro tempo.
o velho, despejado foi sem nenhum alarde
pois é do ano que chega, essa alegria

Vem com cheiro de menino novo,
e já nos põe preguiçosos no seu primeiro instante.
é que o menino vem com ares de quem vai
marcar a folhinha mágica desse povo

que venha, menino e que traga a beleza
de outros irmãos seus que já vivemos antes
e que sua delicadeza toda nos renove,

nos alimente de ânimo, que a gente põe agrado
a essa sua vontade de querer crescer com todos
e tatuar em nós a graça do dois mil e dezenove.

POEMA PARA FORTALEZA CIDADE


fortaleça essa cidade beleza
em que vivo e vivo as emoções
traduzidas com tal delicadeza
em caras, em cores e em canções

coração de toda essa grandeza
que fascina e ainda inspira ações 
renovando a minha fortaleza
para amá-la com a força das paixões 

epicentro da minha alma, asseguro
enquanto ela viver aqui no planeta
e aspira oceanizar-se no infinito

mas confesso, aqui tenho Futuro
nessa iracemicidade que é faceta
onde o todo do seu povo é mais bonito

sábado, 22 de dezembro de 2018

Outros versos pro Natal 2018

É Natal.
Essas luzes todas das cidades
devem querer dizer alguma coisa.

Querem sim.
Iluminar o ar sombrio da alma
de cada uma das pessoas,.

que apagaram
a sua luz interior, obrigando-se
a ausentar a força da bondade.

Sombras muitas
ficaram a torpedear o brilho
magnético da Vida mensageira

Com isso,
deixamos de cortejar a noiva-
felicidade e até de desposá-la.

Esse corre-corre
que os natais sempre nos submetem
é algo que precisa definir-se

não uma vez só,
mas deve ter a durabilidade
de um ano. Ou melhor: de uma vida. 

Versinhos para o menino-menininho

Fui a festa de Natal 
de um certo menininho 
sem levar nenhum presente 
mas levei muito carinho 

fiquei ali, a fitá-lo 
na manjedoura, quietinho 
entre o pai e a mãe de lado 
tudo bem arrumadinho 

vieram o boi e a vaca, 
e também um cordeirinho 
que fizeram companhia 
ao menino-menininho  

acorda cidade inteira 
já nasceu o menininho 
que do céu vei num estrela
pra ser luz no meu caminho

toquem sinos, façam versos 
cantem loas ao menino 
que veio mudar na Terra 
o nosso próprio destino. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Meu barco



eu navego
as alturas
como quem
abraça
um sonho

e acordo
as manhãs
esperando
que seja
doce meu dia
meu barco
estacionou
em porto
de nuvens
alvacentas
amarrado
ao diálogo
das sombras
onde está
meu porto
sou do alto
e não vejo
saída, senão
remar ao
meu passado
um dia
evolarei
do sonho
à realidade
como criança
que acorda
e sente fome
de leite
e de correr
nas campinas

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Nem santos, nem paraíso

Naveguei estrelas e astros
Viajante sem porto, destino
Me fiz adulto, menino
Não deixei marcas, nem rastros

Por onde andei, dei de cara
Com coisas muitas, eu sei
Fui monge -  hoje coisa rara
Só não vagabundo, nem rei

Cheguei aqui agnóstico
Achando ser mito o eterno
Por achar o além impreciso

Contra qualquer prognóstico
Nao vi chamas do inferno
Nem santos, nem paraíso.

(Gê Eme Eme Eme)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Receita do bolo da Vida melhor

Todo mundo reclama da insegurança, da violência e da vida difícil que a sociedade humana atravessa. Resolvemos oferecer uma receita capaz de ajudar a melhorar o indivíduo e o mundo. Aconselha-se a cada pessoa a misturar em sua vida, uma porção de boas ações - aquelas que todo mundo possui e que podem surtir efeitos fundamentais na vida de qualquer um. Pois junte a essas ações uma considerável quantidade de idéias. Boas ideias, as que sublimizam a Vida, através da substantiva forma da solidariedade. 

Sempre que possível adicione palavras de ajuda, principalmente às pessoas necessitadas, aquelas com quem a gente convive no dia-a-dia e que, muitas vezes, se revelam tão depressivas e que vivem sempre a reclamar de tudo e de todos. 

A receita pede pra você bater bem as idéias nocivas - as negativas - que são uma espécie de joio na conquista de sua felicidade. Bata bem até dissolvê-las da sua mente, deixando sim, espaço para a fermentação do trigo das boas virtudes. 

Junte algumas miligranas de fé - eu diria melhor, pode adicionar fé à vontade - fé na vida, fé na esperança e crença de que você pode muito bem contribuir para a melhoria de um mundo melhor - qualquer que seja a atividade que você desempenhe. 

Acrescente a essa receita, um sorriso constante. Várias fatias do bem chamado cortesia; não esquecendo de incorporar grãos de sinceridade, honestidade e respeito. Isso dá um gosto bom ao bolo da Vida e todos aqueles, com quem você divide fatias de sua amizade, vão simplesmente adorar, reconhecendo em você alguém com missão capaz de mudar esse momento dificil do mundo. 

Após adicionar o azeite da humildade e do perdão, eleve a gradação do fogo do amor, esse um ingrediente indispensável para se conquistar a garantia de uma vida capaz de servir de exemplo a todos. 

Essa é uma receita simples e acessível a todos os que desejam melhorar o bolo da vida, que deve ser servido indiscriminadamente a todos aqueles com quem a gente convive. 

O resultado é surpreendente. Mãos na massa. 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Poema seco tal qual o nordestino chão

as gretas armadas no chão de marcas 
é o mar de secura do sertão 


fome de chuva, só sobrando lágrimas 
nos olhos sangrados 
peito cidadão

o chão do Nordeste é um desenho só
das linhas das palmas
das mãos calejadas
em dias de sol, pra semear o nada

morte escancarada
no ano que está nascendo de novo
um só pedido, um só clamor
desse povo:
que chova meu Padim Ciço,
que inunde a sede dessa fome
nas bocas abertas dos rios e barragens.

E, amanhã,
quando houver de contar
todos os resultados
da semente a espiga, da espiga o milho
no alimento nosso
que melhor coisa boa, não tem nesses lados.

sábado, 24 de novembro de 2018

ESSA DOR CHAMADA SAUDADE

Tela de Rogério Souza


Uma pesada mão sustém a pena 
por onde se unem os dois estágios.
Nela as impressões mais vivas de minha alma 
são tecidas com encanto e cerimônia.
Sou dos ventos que não sopram,
Das enseadas desertas,
Dos círculos que as nuvens formam
nas estradas do infinito. 
Não tenho mais nada comigo, 
além de memórias ultrapassadas, 
Cachoeiras de desencantos.
Tudo movido à dança dessa escrita,
que a caneta executa para dizer 
aos senhores do recinto
que nada tenho de mim para ser dito
Por isso deixo escrito 
apenas essa dor chamada saudade.

23/11/2018 - 

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

A volta da amiga X




a amiga, de quem 
tantas lembranças tenho,
sumiu do mapa, 
entrou num rabo de foguete.

Convidado pela família 
fui à missa do dia sete
e chorei as dores 
pelas quais me empenho

quatro anos depois, 
eis que me detenho
a ouvir de um desconhecido 
esse lembrete

“sua amiga X está aqui 
e voz em falsete
diz continuar igual 
ao seu velho desenho".

"É uma senhora assim, 
bonita e coisa e tal",
que nunca vira antes 
na vida coisa igual
e diz-me que ao vê-la 
sentiu enorme arrepio

Era ela sim, 
de volta à convivência
a provar para mim 
e não para a Ciência
que a morte não tem fim 
e nisso eu mais confio.  

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

O REI DA FRAUDE


terça-feira, 20 de novembro de 2018

o poeta e o espelho


domingo, 18 de novembro de 2018

A GRANDEZA DOS CONTRÁRIOS


No mundo, onde todos habitamos,
há dois tipos de pessoas diferentes.
Não falo só de homens e mulheres,
nem de ateus e dos que vivem crenças.

Nem dos tolos em meio a inteligentes,  
como vivem pobres entre afortunados.
Tampouco eu falo dos bons e dos maus
nem os de poder e dos que mandam nada. 

Se há fortes que se rivalizam aos fracos 
há também cativos e os libertários 
mas deles não conto, de um modo geral. 

falo dos mortos e dos vivos, que somos
a revelar a grandeza dos contrários 
como eu poeta e tu meu "ghost-writer".

domingo, 11 de novembro de 2018

QUANDO EU FOR GRANDE

Quando eu for grande, 
só quero me tornar pequeno 
entre os que almoçam orgulho 
e arrotam vantagens e prepotência. 
Quero ser livre para me prender 
unicamente aos encantos da Vida 
e me apegar, sobremaneiramente, 
à crença de todos os desapegos.
Quando eu for grande, quero ser rico 
de consciência para empobrecer em mim
todo o egoísmo aviltante de quem apregoa 
o "eu sou eu, depois de mim só meu retrato".
Quando eu for grande, que eu não perca de vista 
a criança que fui 
para não me tornar um adulto intolerante. 
E que eu possa dar ainda mais cor à estrada 
por onde seguirão meus passos.
Quando eu for grande, 
quero continuar do tamanho da minha alma. 
Enooooorme!

Às vezes, mil...


às vezes, eu sou triste
quando me olho no tempo
e vejo que os sonhos do passado
ficaram no passado.
Mas sou alegre muito,
quando recolho dos pesadelos
a lembrança de que eles
não me foram tantos.

às vezes, ando magoado
por quantos amigos eu fiz
e que poderia ter multiplicado
essa soma de amizade.
Mas quando me vejo
sincero aos que eu tenho
me reequilibro e confesso
como eu os estimo.

às vezes, eu choro sozinho
pelas maravilhas do mundo
quando alguém consegue
se mostrar feliz por tudo.
é que eu vivo a alegria
dos outros como se minha
fosse; choro felicidade
pelo que sou, mil vezes...

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

O QUE SEREI EU AMANHÃ

Anos passarão
E o mundo nunca guardará 
A imagem de um Mozart envelhecido;
Ele nunca foi visto assim.
Poucos saberão
Do rosto verdadeiro do Cristo
Embora pintores tenham o retratado
E o dignificado em gravuras.
Quantas páginas
Beethoven rasgou para finalizar
A sua Quinta, já quase ensurdecido
E sem poder ouvi-la?
Nem as lágrimas
Das viúvas de Valentino lavarão
A saudade dele que ainda é enorme
E nunca acabará.
O mundo é imenso,
Mas o Tempo insiste em brincar
Sempre de esconde-esconde e ocultar
Personagens muitos.
Quem poderá dizer
Com certeza, o que serei eu amanhã
Se a visibilidade do que sou agora
Vier a esvanecer-se hoje?...

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Do infinito somos


A cor do mundo: não tem a minha cor,
nem a tua cor.
De tudo o que somos, 
temos as cores de todos.

Besteira dividir pessoas pela raça ou credo.
Nem pelas ideias.
Ninguém é raiz
nesse planeta. De passagem.

Um dia, vamos pegar a reta de volta.
Para outra margem.
Somos das estrelas. 
Do infinito somos... 

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

TOTON E EMENGARDA

Tão triste andou Emengarda
depois que 'Totom' se foi
que ela até hoje só guarda
saudades tantas que doi.

Ela, casada há milênios
com sua alma gentil
vem desde os velhos essênios
aportar aqui no Brasil

Mas de chorar suas dores
ela acabou se secando;
morreu, por morrer de amores
foi ter com ele, cismando.

Chegou no lado da Vida
em que há paz e muita luz
mas não se achou perdida
por crer no que diz Jesus

“Ainda que esteja morto
quem crê em mim, viverá”
“Mengarda” chegou ao porto
onde “Totom” foi morar. 

[21:43, 2/11/2018] NONATO ALBUQUERQUE
Versos inspirados em C.P.

PERDÃO PELA DÚVIDA DA ETERNA VIDA

O coração à ponto de saltar da boca 
angustiante emoção me assalta a mente.
Eis-me do lado de quem inda se ressente 
da dor da perda, que não foi tão pouca. 

O olhar etéreo somando-se ao espasmo 
que, de repente, tomou-me dessa vida
me faz lembrar o instante da partida 
em que senti todo esse marasmo. 

Eu que não fui, nem sou de nomes tantos, 
para saudade deixar entre os amigos 
ressentido, aos que devo, hoje confesso 

o outro lado a que cheguei com espantos
me deu afetos, como me deu abrigos 
que eu pus em dúvida, perdão por isso eu peço.

NOTA: versos da Quinta Mediúnica (3.11.2018) depois de lembrar da ausência de um amigo Vander Sílvio, desencarnado.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

O ZOO CELESTE

nonato albuquerque

Eu vi uma baleia no céu
como se de algodão doce.
menino, eu ficava tão réu
do vento bom que a trouxe

Pra mim, era como troféu
ter desses bichos sua posse
se as nuvens que iam ao léu
tomassem a forma que fosse

nos dias de meninice
eu tinha era um zoo - é sério!
de nuvens todo bordado!

quem, por acaso, me visse
não acharia um mistério
por eu sonhar acordado.

domingo, 28 de outubro de 2018

A tal da morte


não são forças do mal, que de outra esfera
se agigantam em nosso mundo hodierno.
mas o veneno da violência do homem-fera
transformando a Terra em verdadeiro inferno.

quem se alimenta de ódio e acha moderno
refutar o evangelho do bem, porque “já era”,
não faz parte do humano ser,  fraterno,
que a Terra espera ser herdeiro em Nova Era

quem vive sem saber que nesse mundo
dependemos um do outro para ir em frente,
perde o rumo do céu, não futura o passaporte 

O tempo no Planeta é fugaz, num segundo
muda, já que ninguém fica pra semente
sobretudo quando se lhe acerca a tal da morte. 

Essa cidade que me tinha


Tinha um nome, essa cidade
cidade que, então, me tinha
da fortal_felicidade
feliz cidade essa minha.

tinha o mar pra navegante
nenhum aqui por defeito
e quando fosse distante
levar saudades no peito

minha cidade, tão pura
que deixei quando parti
tem a saudosa doçura
da infância que aí vivi

por isso, quando escrevo
esse verso improvisado
a ela que tanto devo
deixo meu muito obrigado.

VIDAS EXEMPLARES


Nos arquivos da história
que o outro lado conserva
há memoráveis capítulos
que Ciência alguma imagina
como os registros de vidas
de seus heróis “et caterva”
sacrificados nas lides
que a encarnação lhes destina.

São almas de passado rude,
filhas da deusa Minerva,
que alimentadas de ódio
viveram o que a lei ensina:
quem com ferro fere, se fere
até que venha a serva
morte, reconstruindo-os todos
sob a inspiração divina.

depois que aprendem na carne
e o bem imprimem às suas vidas
ganham a misericórdia
de retornar uma vez mais
para que essa nova chance
seja de bênçãos e de luz

renascem heróis libertários,
de nações quase esquecidas
onde foram escravizados,
para no amor e na paz
serem exemplos marcantes
do evangelizador Jesus.


quinta-feira, 25 de outubro de 2018

O OLHAR DE NOSSA MÃE

O olhar de nossa mãe parece vítreo.
Foge deste tempo, como quem busca o longínquo.
Atravessa paredes como se imaterial fosse.

O olhar de nossa mãe adormece segredos
cuja chave desses misterios só ela decifra.

O olhar de nossa mãe, confunde-se com a sua mente
Parece morar num tempo de estrelas.

Pois ele (o olhar) e ela
adormecem sonhos que não sei dizê-los.

O olhar de nossa mãe, parece despedir-se. 

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Para amanhecer na luz de um novo abrigo


como demora amanhecer, dizia no leito de morte 
o paciente com o destino, que este lhe pregava. 
Estava nas últimas, sem chances de mais sorte
mas a esperança do eterno ainda lhe abrigava. 

por que demora tanto vir, esse passaporte 
com que devia atravessar o que já divisava: 
uma estrada diáfana, quando vem o tal corte 
do elo em que a matéria se lhe apegava.


De repente, adentra à enfermaria uma figura 
de branco, olhar tranquilo, sorriso largo 
a lhe estender os braços para um abraço amigo 

é o seu anjo de guarda, uma afável criatura 
que viera lhe buscar, findo esse tempo amargo 
para amanhecer na luz de um novo abrigo. 

Do que vivo e encanto

plantei sementes de luz 
em folhas de papel, 
letras marcavam o caminho 
por onde
por onde deitei palavras 
e, em cujas linhas, 
semeei encantos muitos. 

fui amante das letras 
como ninguém mais 
ousou sê-lo, ao tempo 
em que vivi as múltiplas 
faces do amor 
com que aprendi ser 

hoje eu milito aqui 
no lado onde dizem 
ter anjos e vidas muitas 
adormecem no silêncio 
Mas eu vivo, falo, 
ando e semeio sons. 

quando, um dia, de novo 
eu tiver a possibilidade 
de voltar aos campos 
plantarei palavras 
que serão colhidas 
por atenciosos ouvidos. 

E iluminarei os dias 
com a luz da minha fala
recolhendo do meu eu 
as fulgurantes marcas 
do que, nesse momento, 
eu vivo e encanto.