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sábado, 15 de outubro de 2022

ENCONTRO COM ANNIE BESANT

Na sala espaçosa sem grandes adornos decorativos, adentrei silencioso, conduzido por uma voz-guia que me orientava sobre o local no qual ingressara. No meio da sala, sentada em uma cadeira, uma mulher de meia idade estava absorta e pensativa, mirando o olhar à distância como se prescrutasse o invisível. Era Annie Besant, a seguidora de madame Blavatsky, em sua missionária passagem pela Terra. 

- Esse é um holograma de um dia da senhora Besant, quando ela foi flagrada por um admirador de sua obra, em quase êxtase profundo - anunciou-me a voz que passarei a citá-la como de Oleg. 

Ao vê-la ali, imersa no vazio existencial, Oleg a interpela sobre o que estava a pensar. E ela, em comedida atitude, sai de uma projeção semi-estática, vira-se como em "slow motion" para o discípulo e diz: 

- Estou a mirar o futuro...

E após uma pausa, complementa: “e eu estou nele. Viva. Ainda que morta”.

Acordei do desdobramento e fui pesquisar o histórico dessa figura que teve admirável participação no mundo entre os séculos 19 e 20, sustentando a obra teosófica.   

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

POESIA

 Dias de chumbo, esses em que vivemos. 

Céus de nuvens grávidas.

Os homens voam mas já temem que as asas de artifício lhes transtornem os dias, lhes dobrem os meses, lhes encurtem os anos…

Com medo do céu, resgata-se o prazer de viajar pelas estradas.
O Brasil é serpenteado por elas; muitas em estado de desolação completa; mas aonde elas vão, elas nos levam…

Houve um tempo em que as estradas eram caminhos de ferro
e por sobre os trilhos navegavam os vapores das marias
inundando de fumagem e fuligem os que embarcavam ou não.

Hoje, os cavalos de ferro já não correm pelos interiores,
comendo chão, devorando túneis, embocando nos cortes;
e nem se fazem mais os caminhos como antigamente.

No passado, os ares eram destinados às aves que voam,
os passarinhos. Ninhos de cobra, esses monstros voadores
hoje chocam ovos de destruição e que alimentam a Morte.

E o homem que inventou Santos Dumont que inventou o avião
que inventou de viajar por esse inventivo país
até chegar aos dias de hoje, se sente desolado, inquieto,

quando a absurda cor da noite envolve com seu manto
uma dessas fortalezas voadoras que, num átimo de tempo,
choca-se, despedindo-se da pista que deu “end” em Congonhas.

Eu, selvagem de primeira viagem, botocudo de pai e mãe,
sustento a palavra, bato o pe, engulo o choro e decidido sou:
só viajo agora pelos cipós das matas… e olhe lá quando e como!…