A lenda do santo demonio
Nonato Albuquerque
Pouca gente, porém, conhece a origem do alcoolismo entre as pessoas e o pacto firmado pelo diabo com o bicho-homem ainda nos tempos da criação do mundo.
Conta-se que Deus queria saber como andava sua obra. E anunciou uma festa no céu para todos os seres vivos. Todos os bichos podiam entrar, menos o anjo Lúcifer que andara aprontando das suas e fora banido do condomínio celestial. Quando soube dessa proibição, o diabo ficou com o cão nos couros. Jurou que iria à festa de qualquer maneira e se vingaria de Deus atraindo para as suas hostes, a melhor das suas criaturas. Pegou o "cãolendário´, informou-se sobre o dia, hora e lugar e, deu uma infernal gargalhada, ao saber que se tratava de uma festa à fantasia.
- Festa à fantasia! Uau!" Tá como o diabo gosta.
Sem que precisasse esquentar muito os miolos, teve uma idéia... como díriamos? Diabólica! Pensou: qual é a maneira mais fácil e sensata de se entrar no céu? É o individuo se tornar um santo. Dito e feito. Lúcifer vestiu uma mortalha branca, botou uma auréola de arame na cabeça, calçou uns ´cãochutes´ novos, encenou um ar de santidade e se mandou.
Passou direitinho por São Pedro, que estava no maior ronco na portaria e nem notou a entrada do demônio.
É bom dizer que das profundezas, o cão - ou melhor, o santo - conduzia um frasco com um pouco de "água ardente" e uma tocha acêsa na ponta com uma brasa retirada dos infernos.
Lá, ele ofereceu isso a todos os convivas. Nenhum bicho aceitou. O passarinho, previdente, se negou a beber daquela água. A caipora também desculpou-se, embora tivesse adorado tragar a essência da chama acêsa. Interessado em proclamar sua vingança, o diabo deu de cara com o bicho-homem, que na festa se vangloriava ser a mais inteligente das criaturas, e que aceitou beber todo aquele vaporoso líquido. Bebeu e bebeu e bebeu até cair de quatro, enquanto Lúcifer aproveitava-se para firmar com ele um pacto demoniaco.
Dali em diante, toda vez que alguém da sua linha de sucessão provasse da água ardente trazida por ele dos quintos, bastava evocá-lo com um pequeno e simples gesto que ele, prontamente, atenderia a qualquer convocação.
Dizem que é por isso que, até hoje, em qualquer botequim de beira de rua, tem sempre alguém derramando no pé do balcão a primeira dose dirigida ao santo. Que na verdade apenas se passara por ele.
Nonato Albuquerque
Já disseram que aquilo de bêbado num tem dono, mas nem por isso os papudinhos largam a garrafa. Nem com a gota da mulesta eles param de beber. Largar do vicio, ih, é difícil! Quando isso acontece, dizem os mais encalacrados, ex-pinguço deixa de BB e se matricula no AA. "Puro retrocesso escolar", argumentam com uma ponta de sarcasmo.
Pouca gente, porém, conhece a origem do alcoolismo entre as pessoas e o pacto firmado pelo diabo com o bicho-homem ainda nos tempos da criação do mundo.
Conta-se que Deus queria saber como andava sua obra. E anunciou uma festa no céu para todos os seres vivos. Todos os bichos podiam entrar, menos o anjo Lúcifer que andara aprontando das suas e fora banido do condomínio celestial. Quando soube dessa proibição, o diabo ficou com o cão nos couros. Jurou que iria à festa de qualquer maneira e se vingaria de Deus atraindo para as suas hostes, a melhor das suas criaturas. Pegou o "cãolendário´, informou-se sobre o dia, hora e lugar e, deu uma infernal gargalhada, ao saber que se tratava de uma festa à fantasia.
- Festa à fantasia! Uau!" Tá como o diabo gosta.
Sem que precisasse esquentar muito os miolos, teve uma idéia... como díriamos? Diabólica! Pensou: qual é a maneira mais fácil e sensata de se entrar no céu? É o individuo se tornar um santo. Dito e feito. Lúcifer vestiu uma mortalha branca, botou uma auréola de arame na cabeça, calçou uns ´cãochutes´ novos, encenou um ar de santidade e se mandou.
Passou direitinho por São Pedro, que estava no maior ronco na portaria e nem notou a entrada do demônio.
É bom dizer que das profundezas, o cão - ou melhor, o santo - conduzia um frasco com um pouco de "água ardente" e uma tocha acêsa na ponta com uma brasa retirada dos infernos.
Lá, ele ofereceu isso a todos os convivas. Nenhum bicho aceitou. O passarinho, previdente, se negou a beber daquela água. A caipora também desculpou-se, embora tivesse adorado tragar a essência da chama acêsa. Interessado em proclamar sua vingança, o diabo deu de cara com o bicho-homem, que na festa se vangloriava ser a mais inteligente das criaturas, e que aceitou beber todo aquele vaporoso líquido. Bebeu e bebeu e bebeu até cair de quatro, enquanto Lúcifer aproveitava-se para firmar com ele um pacto demoniaco.
Dali em diante, toda vez que alguém da sua linha de sucessão provasse da água ardente trazida por ele dos quintos, bastava evocá-lo com um pequeno e simples gesto que ele, prontamente, atenderia a qualquer convocação.
Dizem que é por isso que, até hoje, em qualquer botequim de beira de rua, tem sempre alguém derramando no pé do balcão a primeira dose dirigida ao santo. Que na verdade apenas se passara por ele.