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domingo, 22 de março de 2015

DO AMOR QUE HOJE TEMOS

Eu te quero mais ainda do que antes
Que pensasses que na vida existia
alguém que vivesse a todo instante
celebrando teu amor com essa alegria.

Tu me amas, muito embora tão distante,
mas tão perto dessa crença desse dia.
Te confio a minha alma suplicante
a ser tua em meio à glória ou agonia

No passado, quando em dias não serenos,
fomos, tu e eu, inimigos tão vorazes;
quantas chances de viver o bem perdemos.

Mas longe das diatribes e dos pequenos
impulsos da alma, somos mais capazes
de reconhecer o amor que hoje temos.

sábado, 21 de março de 2015

Andorinhas do mar em folga na beira da praia



Um dia, numa praia deserta, descansava, quando uma nuvem compacta de aves materializou-se no lugar onde estava, proveniente do oceano para o continente. 
 Eram andorinhas do mar. Milhares delas. Como se todas aquelas aves tivessem resolvido voar até ali. 
 Muitas elegeram a areia. A maioria, porém, mergulhava nas águas intempestivamente, para em seguida virem pousar na orla, batendo as asas, como se tirassem delas um enorme peso. 
 A praia ficou pontilhada delas, como se uma manta escura cobrisse todo o chão em volta. 
 O barulho das ondas perdia para o piar das aves. 
 Fiquei inerte. Inebriado pela cena. Silenciosamente quieto. Admirando tudo aquilo.
 De onde teriam vindo essa multidão de pequenas e barulhentas andorinhas, indagava-me.
 Qual era o destino delas.
 Eu diria que elas vieram do nada. Como se uma fenda ou um portal tivesse sido aberto de outra dimensão e, elas, se materializassem de repente. Por uns poucos minutos, isso foi visível. 
 Em dado momento, o piar mais forte de algumas delas parecia despertar o bando, que levantou voo inesperadamente. Era como se os guias alertassem para o fim do descanso. E o retorno à viagem.  A multidão de andorinhas levantou voo. Procuraram se compactar. Sobrevoaram duas vezes, a minha cabeça, com pios estridentes, como para saudar-me e, então, foram sumindo aos poucos, oceano adentro. 
  Meus olhos comeram a paisagem esfomeadamente. E no horizonte, a nuvem negra delas se tornara compacta e desapareceria. 

 Um dia, numa praia qualquer, gostaria de ver isso repetido. O real que eu vivi e que para mim parecia sonho, por enquanto, continua um sonho...

Resposta

Quem é você, que passa ao largo da vida
Como se fosse ela inútil?
Vive porque, afinal de contas, está na lida
Mas considera tudo fútil.

Quem é você que, por mais que se consulte,
Adora dizer que anda abatida
Sem avaliar o dom que faz tão útil
O viver, lição apreendida.

Se você tivesse chances de recordar-se
O que fez antes de nascer
Iria saber que pediu pra ser dessa maneira

E ao invés de reclamar e acomodar-se
Iria o quanto antes correr
Ao invés de falar da vida, como asneira. 

sábado, 7 de março de 2015

O oboé


Quando outra vez eu for menino,
E vida nova tiver, meu sentimento
É de traçar outra rota do destino
E aprender a tocar um instrumento

Que seja violão, piano, até um sino
Se for oboé, maior contentamento
Partilharei meu som em concertino
para marcar esse meu novo momento.

Minha alma é musicalmente rica e bela
Quer ressurgir em uma época singela
que seja em corpo de homem ou de mulher

O que mais firmemente, desejo dela
É que seja pontuada de uma parcela
De música, tocada ao som de um oboé.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Sobre a morte e o cavalo