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domingo, 8 de novembro de 2009

Viagem numa cápsula em busca de uma semente de luz


Ontem à noite, vaguei pelos páramos celestiais, numa cápsula esverdeada que me levou a um determinado ponto do cosmos onde eu já deva ter ido. Encontrei pessoas serenas, tranquilizadas pela bonomia do tempo e pelas experiências de outra vida, e li em cada rosto um conforto e uma esperança incrustados.

Logo próximo ao parque, por onde crianças volitavam em torno de animais que eu nunca imaginei existir, encontrei meu último pai terreno. Estava tranquilo e de seu sorriso pude perceber que, aliviado de todas as recentes dores.

Sem nenhum esforço para articular palavras, conversamos telepaticamente e, incrível!, eu entendia tudo o que os seus lábios não deixavam exteriorizar.

Entreguei-lhe um pequeno envelope branco, de onde ele retirou um cartão. Vira os dois lados e me pede que escreva alguma coisa. E com o dedo polegar direito, faço de conta que é uma caneta, de onde saem reluzentes letras como sementes de luz que traduzo agora claramente.

"Parabéns, pai. Paz e Bem, sempre." E assinava meu nome, notando que o P de parabéns era idêntico a quando faço na vigília, rebuscado e bonito.

Acordei, certo de que meu pai recebera a minha singela homenagem pela passagem de seu aniversário que foi em setembro.