Uma ligação da filha de Ady, me dá conta de que ela está bem abatidinha e que seria de bom grado que eu a visitasse. Ady Barbosa Saraiva é uma figura incrível, que a conheci nas palestras espíritas.
Dona de uma envolvente energia, sublimada por um sorriso constante no rosto que guardava ainda sinais da beleza do passado.
Cada vez que eu ia à Sociedade Espírita de Fortaleza, onde consagrava seu tempo de estudos religiosos e de prestação de serviços, ela me pedia para encerrar a palestra cantando alguma das minhas músicas. Uma delas, eu entoei hoje à beira da cama hospitalar em seu apartameto, na cobertura da José Vilar, 1590.
"Eu já fui pedra nesses caminhos do mundo
fui verdes pastos,
sombra e alimento a tantas bocas;
Tempos depois eu fui um peixe
nadando em muitas águas
e quando o sol sumiu nos montes
amanheci um pássaro.
E só então, depois de muitas eras
eu fui um índio que conheceu a Natureza
até que hoje reeencarnado
eu sou um bicho-homem.
Agora eu sigo procurando
a etapa do Universo
em que essas vidas todas, tantas,
vão se dar num anjo
Um anjo de luz..."
É a história da Humana Idade e um pouco, também, da crença que eu e Ady temos da eternidade da alma. Quando ela for - e não precisa ser agora - eu já tenho consciência de minha primeira dívida na próxima vida. Vamos estar juntos. Para cumprir o ideal de um projeto em benefício de muitas almas, que essa existência não nos deixou atender.
Almas eternas que somos, amanhã seremos.