Criador de cabras e bodes,
cruzei a porteira da vida
e me dei de cara com essa
nova realidade que hoje vivo.
Como morto, se vejo, ouço,
falo e respiro
a imensa alegria
de lembranças do que fui?
Sou eu ainda
com cheiro de terra molhada,
currais de gado, brejos e sítios,
onde mourejei anos de vivência.
Hoje sou saudade
nos quintais que deixei,
junto à família criada e exilada
do campo em vidas modernas.
Só um desejo tenho
nesse fim de mundo novo:
o de ser semente novamente,
para ser cultivada no chão de outro corpo
– mãe Terra, pai chão -
desse inesquecível Planeta.
Aos que ficaram, eu sigo
criador de cabras e ovelhas
nas pastagens das estrelas,
onde sou lamparina... apagada!