ODE A LAURO RUIZ DE ANDRADE
Na vida, minha luta constante
foi para que na hora da morte
meu corpo fosse num instante
plantado em pé, em alto porte
No fim, ao tentar o passaporte
para a vida eterna e triunfante
Nem como cobaia tive a sorte
De ser no projeto, executante
A vida de todos é a passagem
que o ‘pessach’ judeu lembra
na fuga desse povo do Egito.
Na morte, me tornei visagem.
Liberta, a alma se desmembra
a verticalizar-se no infinito
Próximo dia completa 110 anos do poeta Lauro César Ruiz de Andrade, escritor e colaborador de O Povo e que defendeu a ideia de um cemitério ecológico, onde os corpos seriam enterrados na vertical, plantando sementes de árvores que teriam o nome do ausente.