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domingo, 28 de novembro de 2021

Esperança



O mundo se transformou muito.

Não sei como, nem porque

Há marcas de destruição por todo lado.

Voltamos a um tempo sombrio,

Onde perdemos feio para as máquinas ;

Elas dominaram nossos campos de ação.

Elas nos dominaram. E há um sentimento de perda

Escancarada à vista de todos os sobreviventes.

Onde se plantou pás eólicas para captar do vento a energia,

Destroços enferrujados tomam contas das hélices;

Há vestígios de edifícios no que sobrou das edificações

A exporem seus ferros que o concreto escondia.

É tempo de separação. Já não há tanto joio

E o trigo da colheita precisa ser colhido

Por mãos jardineiras que sabem cuidar de flores.

O campo está aberto a novas explorações.

Onde habitavam homens, as feras têm domínio.

Onde havia guerra, as marcas do insucesso.

De tudo e de todos, sobramos nós

Procurando destrinchar o arquivo desse tempo

Que passou por entre os dedos como areia fina.

Já não somos o que fomos; duvido muito

Que seremos o que desejamos no passaqdo.

As sombras desceram sobre a Terra

E guardamos a nossa luz interior 

debaixo de alqueires de terra insersíveis. 

Apesar de tudo e de todos, 

a esperança é uma rosa de plástico, 

plantada num vidro fácil de ser quebrado.