Texto de Nonato Albuquerque
A paixão
moderna tem muitos cristos. Eles vivem o seu calvário de sempre, sem mudança na
rotina. Inúmeros cristos que são números, vivendo entre a paixão e a sorte.
A via-sacra
difícil de todos se confunde no drama de Josés e de Marias, cujos filhos são
vítimas de herodes psicopatas, promovendo a morte de crianças nas escolas.
Gente
simples que vive a ilusão de um reino melhor, prometido por párocos e pastores,
alguns sem ética e sem respeito ao divino.
Nas doze
estações do dia, que marcam as horas de provação, multiplicam-se as quedas.
O
desemprego, a intolerância, a mentira.
Há cristos
denunciando a violência de centuriões modernos. Asfixiando negros a céu aberto.
Cada um
carrega uma cruz invisível, com uma história onde eles são apenas números e
invisíveis na planilha da Economia.
Nesse
calvário, há judas
traidores, mas há cirineus caridosos. Negadores como Pedro e céticos iguais a Tomé.
Verdugos atiçando a violência doméstica,
como há os que hoje encenam o drama da maior paixão, mas que também foram pegos
para Cristo.