Um dia, eu vi
uma senhora de idade,
a tricotar com
as mãos encarquilhadas
peças invisíveis,
com se usasse esterlina
nas agulhas que
só ela mesma enxergava
essa mesma
senhora, eu a vi um dia
caminhar com
firmeza no jardim de casa
a recolher
do chão algo que meus olhos
não conseguiam
de modo algum discernir.
Ao indagá-la
sobre tudo isso, ela me diz
que tricotava
uma colcha pontilhada de luz
das estrelas
que ela recolhia do chão amigo.
eram marcas transluzentes
de passos amigos
das pessoas
que um dia, passaram por ali
deixando lembranças de sua gentil amizade.