Quando através do sono nos libertamos temporariamente do escafandro corporal, volitamos por entre a dimensão do eu mais puro e visualizamos cenas que, geralmente, só os sonhos conseguem externar. É do substrato desses sonhos - e da criação poética - que se constitui este diário, revelando a incrível magia da dimensão da espiritualidade.
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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
REENCARNAÇÃO. O conto da lâmpada queimada
No tempo em que os bichos e as coisas falavam, duas lâmpadas tiveram um choque de idéias. Uma dizia que uma outra lâmpada da sala havia sucumbido.
- Ela apagou-se! - dizia uma
- Não, ela parece apenas ter cochilado - dizia outra desconfiada.
- Pois eu acho que ela se queimou.
- Queimou nada, mor-reu!
- Pois sempre ouví dizer que toda luz que se apaga, um dia volta a acender de novo.
- Conversa besta, quem morre, nunca mais vive
Ficaram nessa discussão toda que entrou noite à dentro, até que um velho lampião de gás, desses antigos que guardam sabedoria e experiência, reivindicou a palavra e acendeu sua luz sobre o assunto.
- Calma, amigas. Nem tudo que reluz é ouro, já dizia o antigo ditado. Mas nem tudo que deixa de ser, quer dizer que acabou. A luz não morre. O corpo de vidro pode quebrar, acabar; mas a energia é contínua.
Dia virá, insistiu ele, que alguém com outra lâmpada a reinstalará no espaço vazio deixado pela lâmpada quebrada. E aí, uma vez seguinte, tudo voltará a se iluminar. É a lei da Vida. E ela é plena. Contínua. Sempre.
As duas lâmpadas piscaram agradecidas, no exato instante que uma mão acionou a tomada e as tirou de cena. O lampião baixou seu fogo e adormeceu tranquilo.