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Roteiro anual de nossa família, a visita aos cemitérios onde depositados estão os restos mortais de entes queridos, registrou este ano dois casos supranormais.
Eu e Socorro retornávamos do Jardim Metropolitano, onde está sepultado nosso pai, e resolvemos - já início da noite - ir ao Parque da Paz, visitar a cova do cunhado Juan Bautista Paredes, nossa avó Francisca Emíldia Albuquerque, tio Geraldo e o primo Geraldo Sobral Filho.
A escuridão, simplesmente, impedia-nos de localizar o local - muito embora tivéssemos passados por ele várias vezes. Mentalmente pedí a minha avó uma ajuda dos céus. Nisso, surge um homem com uma criança nos ombros e pergunta qual a quadra que estamos procurando. Minha irmã diz a quadra e o número e ele começa a caminhar e, na escuridão, sai dizendo todas as quadras por onde passávamos. Chega até uma cova e diz "deve ser esta aqui. Acenda o isqueiro", pede-me para iluminar a placa, no que confirmo ser mesmo o local.
Eu achei aquilo admirável, mas em nenhum momento me passou pela mente a possibilidade de ser algum fenômeno paranormal. Fico curioso e indago se ele trabalhava ali. Ele diz que não, mas á ter trabalhado durante seis anos. Agradecemos a ajuda e ele sai.
Enquanto eu e Socorro começamos a verificar a placa de bronze indicando nossos parentes, levanto os olhos em direção àquela figura estranha e...
Incrível!!!...
O homenzinho com o menino nas costas, sumiu...
!!!
... dentro de um carro, na noite marcada no parque pelos pequenos brilhos das milhares de velas.
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E não terminou por aí. Na volta para casa, comentávamos no interior do carro, a presença do homem no cemitério na escuridão com uma criança em seus ombros. Nisso, o carro é tomado por uma suave onda perfumada que nos deixou inebriados.
"É perfume de flores!" disse Socorro, aproveitando para lembrar que as rosas levadas para nossos 'mortos' eram de plástico. E o olor era de flores naturais.