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domingo, 6 de junho de 2021

POESIA_ À LORCA, A QUEM AMO

 À LORCA, A QUEM AMO

Nonato Albuquerque


As devotas mulheres de luto
pareciam orquestrar uma sinfonia de silêncio,
por onde se filtravam, na espessa luz do dia,
raios de sol por entre as crinas dos cavalos.
No obituário desse campo
lembranças. Uma expressão vazia de tristeza,
por entre os véus negros que anulavam aos olhos
dos passantes, a verdadeira face de quem chora.
Um mocho pia numa tumba próxima
Um grito escapa de uma buzina atordoada
Badaladas do sino encomendam um anjo
Que é transportado num caixão azul celeste.
Almas destemperadas de vida alguma
Sonumbáticas formas de revelar o passado
Que eu vivi em minha Acopiara, muito antes
De sair para o mundo e só viver saudades