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domingo, 22 de agosto de 2021

INSPIRAÇÕES JÉSUS GONÇALVIANAS

 

RENASCIDO EM DORES

Nonato Albuquerque

 

Caminhante eu, era de outroras eras,

Entre bárbaros sequazes, vilões cruéis

A destruir sonhos, ideais, quimeras,

Por conquistas vãs, parcos lauréis. 

 

Imaginava com assédio dessas feras,

O ideal: sagrar-me rei de antigos infiéis.

Arrostava sob o guante das esferas

Do mal, a sanha indomável dos corcéis.

 

Desolados corações deixei à passagem

Da horda sedentária, ruminei plagas,

A bramir ódio sob todos estertores.

 

Em armadura de carne e na voragem

Do tempo, me vi; corpo repleto em chagas

Para cumprir a Lei, renascido em dores.



(Inspirado em Jésus Gonçalves)

 

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NOVAS SAGAS

 

o fogo que arde em mim é de chamas antigas

que nunca debeladas foram em meu espírito;

de eras tirânicas, de pátrias que eram amigas  

 e que séculos passados, carrego ainda contrito.

 

a dor dessa vingança já me cobriu de escamas

em vida atormentada que só me trouxe atrito.

fui déspota de cavalheiros, crápula de damas

em busca de resposta ao meu íntimo adstrito

 

transpus séculos em corpos, vidas malsinadas,

percorri a nobreza, me embriaguei na vilania

para renascer pobre, coberto de muitas chagas

 

hoje, conhecedor do que fui em épocas passadas

agradeço a Jesus, essa bendita alquimia

de mudar o passado e futurar-me em novas sagas.

(Inspirado em Jésus Gonçalves)

 

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DE SEMENTE DAS SOMBRAS, ÀS FORÇAS DE LUZ

Nonato Albuquerque

 

Antes, ator de infortúnios e de conquistas,
menti, matei, saqueei; por ideais profanos.
Hoje, em meio a seres de mentes altruístas,
apodreço entre os humildes hansenianos.

Antes, a lâmina do horror decapitava tiranos
ante o tropel de bárbaros quatrocentistas.
Hoje, ressurecto à vida, após malgrados anos,
somatizamos dores de passados egoístas.

As faixas de carne que encobrem o que fomos
são elos da misericórdia divina e de mudança
de semente das sombras em forças de luz.

O hino de amor que, na Terra, hoje compomos
É a certeza dessa consoladora esperança
De que não nos abandona, o amor de Jesus

(Inspirado em Jésus Gonçalves)

 

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O DESIDERATO DA LEI 

 

Diante do cavaleiro audaz que, intrépido, avança 

as armas contrárias da defesa logo se desfazem.

Sob os cascos dos corcéis corpos muitos jazem,

nos caminhos do mundo, por onde a dor se lança.

 

Rastros de ódio enxameiam o solo, onde fazem

a cruzada maldita do medo, sem dar esperança

a que ninguém sobreviva; a nada se comprazem.

Selam um pacto de ódio, no reino da vingança

 

Os anos voam, os corpos mudam e, nesse limiar

de eras novas, veem-se os loucos transmutados

em outros seres, tomados por pútridas feridas.

 

É que as bênçãos dos céus vêm a todos cobrar

a dívida contraída a outros em dias já passados

Para que se cumpra o destino da lei em outras vidas. 

 

Inspirado em Jésus Gonçalves

 

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CHAGAS SANTAS

 

Do infinito mundo, onde as almas vigiam dores

venho lembrar-te o compromisso arcado antes

de renascer no mundo para fortalecer amores

onde forem teus passos com outros caminhantes

 

retoma os caminhos sagrados, embora distantes

estejam as flores do bem, a derramar olores

mas que na esperança há de fortalecer amantes

hás de achar e renovar no mundo novos valores

 

Se antes arrostávamos sob o guante da miséria

O grilhão da impiedade, alimentando a morte

É que éramos feras sem a docilidade das aves

 

Foi preciso arcar com a dor de forma deletéria

para que chagas santas dessem o passaporte

a novas claridades, como a de Jésus Gonçalves.

 

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Ante a luxúria aviltante, a seda, o ouro, o vinho

que a vida nos logrou em passados remotos

avultou-se na contabilidade da alma, o escarninho

ao que promulga a lei, contra ações e atos ignotos.

 

Nos gestos e nas palavras nossas, o descaminho

Ao cumprimento do bem, anulando os votos

Sagrados da amizade, a ponto de se ver sozinho

Ao fim da vida física, sem seus reais devotos.

 

É que morte tem feito sempre a sua colheita

onde nos nivelamos no túmulo, mas que a alma

se diferencia quando o juízo final se intermedia.

 

se fomos detratores da Vida, a vida nos sujeita

a viver novamente, em busca de mais calma

até que a Lei se cumpra, com toda a primazia.

 

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De ódios estocados, meu coração se fez

Um órgão doentio, sem remédio ou cura

Travo de rancoroso passado, onde talvez

Nenhum respeito tive a nenhuma criatura.

 

Os inimigos muitos, mandei-os a sepultura

Arrasei famílias, com a minha mesquinhez

Ensandecido brami a espada com loucura

E a quantas mães eu antecipei a viuvez.

 

A morte me recolheu e em meio às trevas

Descobri em mim o propalado inferno

Onde a mente guarda essa mísera lembrança

 

Anos se passaram desde as fases medievas

E eu voltei por concessão do senhor Eterno

A renascer em busca de novas esperanças.


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DOM 22 DE AGOSTO DE 2021


Animal ensandecido, que fui em priscas eras.

Ainda que humano, cristalizei na minha alma

Um selo de odientas marcas que só as feras

Se há de permitir quando lhes falta a calma

 

Violentei humanas vidas e impus leis austeras

Ao comando que detonava minha direita palma

Obediente às vozes insanas de outras esferas

A compactuar comigo a formação de um trauma.

 

Negociei com a vilania tirânica dos estertores

Depus de mim a crença de que múltiplas vidas  

Nos permitem lobrigar nas sombras ou na luz

 

Tempos depois, resolvido a carpir todas as dores

Renasci no Brasil, entre as chagas mais doridas

Para compreender melhor o que ensinou Jesus.

 

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