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quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

POESIA. PATER AETERNUM

 PATER AETERNUM

Nonato Albuquerque
Somos filhos do Eterno, dizia-nos a catequista
nas tardes de domingo ao lado da igreja matriz.
E eu de pequeno já tinha meu jeito relativista
de contrapor-se a ela com algo que não condiz
"Eu não sou filho do eterno", disse com ar infeliz.
A catequista parou e sobre mim pôs sua vista.
"Pois há um grande engano no que a senhora diz.
os outros podem até ser, mas eu num tô nessa lista"
A moça simples, me lembro, deu lá meio sorriso
a meninada nem aí, pois esse assunto não a atrai
mas que era para mim, minha primeira discussão.
"Por que você não quer ser, saber disso até preciso".
Eu respondi-lhe na bucha: sou filho é de meu pai.
Desse aí que a senhora fala, eu num conheço não.