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sexta-feira, 31 de outubro de 2025

AS DORES DOS VELHOS ERROS

 

A ampulheta do tempo não se atrasa, nem para.

Vira. Revira. Remexe o que é história e o que é lenda

Que só nos refolhos da alma, a gente lê e compara

O que era de paz e bem e o que só era contenda.

 

Ultrajante era meu porte. Com uma legião tão cara

Obediente ao meu mando, ela seguia a minha senda

De renegado de um reino, que eu mesmo abjurara

Tracei o terror na Trácia, e pus Roma em minha agenda

 

Era Alarico II, o mais temível, o destruidor maldito

Que nem as sombras de outro reino me serviram

De aprendizado num ambiente infernal e hostil.

 

Renasci em um corpo em chagas, para cumprir o rito

Da lei, e com as dores que eu fiz as dores me atingiram

E eu vim resgatar o erro; acertar minhas contas no Brasil.

AS SETE DIVINAIS VIRTUDES

 Soneto de Nonato Albuquerque



Sete cores tem o arco-íris, sete os dias da semana

Sete as virtudes divinas que dos sete céus emana

Em latim aqui eu narro, sendo Castitas a primeira

Que os padres a exaltavam como pureza certeira.

 

A 2ª chama-se Caritas, que se opõe a avareza,

Fê-la o Cristo ser virtude da mais completa beleza

a terceira, minha gente, eu aprendi desde criança

É a de quem na vida toda, pratica a tal temperança.

 

Quando se é diligente, tem-se na vida outra marca

que é a quarta das virtudes aquela que mais arca

Com a paciência, a quinta com toda sua plenitude

 

E em 6º vem a bondade, virtude de quem se acalma

Impondo paz e disciplina aos mecanismos da alma

Para atingir a humildade, a sétima e ideal virtude. 

EPÍGRAFE DO BEM, A SUA MAIS SÁBIA VIRTUDE

 Nonato Albuquerque 31.10.2025


No roteiro iluminado desse palco, monta-se o drama

pelo qual personagens, os mais diversos, se expressam.

Uns, ansiando as alturas celestiais, como poder e fama

outros no profundo abismo de si mesmo, se estressam.


Almas em provas vinculadas ao mal, perpetuam a trama 

de sempre expiarem os mesmos erros que não cessam 

de revelar num impulso, serem escravos de uma trama. 

que os infelicitam no ambiente em que se processam. 


Ah luta em vão, desgraça que insistente se renova,

como a querer colocar o eterno em constante prova

e ameaçar do poder divino toda a sua magnitude.


Até quando a misericórdia há de permitir a esperteza

desses anjos rebeldes atuarem com diabólica proeza

sem revelar interesse pelo bem, sua mais sábia virtude.  

POEMA. As invisíveis mãos do tempo




 

SONETO. As invisíveis mãos do tempo

 


AS INVISÍVEIS MÃOS DO TEMPO

Onde antes brincavam, hoje só descansam.
Por onde antes trabalharam em sacrifício
edificando a Vida, hoje, silentes, em repouso
acrescentam textura nova às velhas marcas.
Onde antes primavera, o outono delineia-se.
Invernos e verões passaram e elas acenaram
a tantas outras com quem cruzaram caminhos,
e despediram-se com promessas de voltar.
Falo das mãos, as ferramentas indispensáveis
que amanhecem desde o despertar da vida
e atravessam rios do tempo, ruas de conversas,
até chegarem ao ocaso de todas as andanças
mudando a tez, enrugando-se como folhas de papel
que mãos invisíveis amarfanharam com os anos.

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

VIDAS MÚLTIPLAS — o conto da lâmpada queimada

 

No tempo em que os bichos e as coisas falavam, duas lâmpadas tiveram um choque de idéias. Uma dizia que uma outra lâmpada da sala havia sucumbido.

- Ela apagou-se! — dizia uma

- Não, ela parece apenas ter cochilado — dizia outra desconfiada.

- Pois eu acho que ela se queimou.

- Queimou nada, mor-reu!

- Pois sempre ouví dizer que toda luz que se apaga, um dia volta a acender de novo.

- Conversa besta, quem morre, nunca mais vive

Ficaram nessa discussão toda que entrou noite à dentro, até que um velho lampião de gás, desses antigos que guardam sabedoria e experiência, reivindicou a palavra e acendeu sua luz sobre o assunto.

- Calma, minhas irmãs.

Nem tudo que reluz é ouro, já dizia o antigo ditado. Mas nem tudo que deixa de ser, quer dizer que acabou. A luz não morre. O corpo de vidro pode quebrar, acabar; mas a energia é contínua.

Dia virá, insistiu ele, que alguém com outra lâmpada a reinstalará no espaço vazio deixado pela lâmpada quebrada. E aí, uma vez seguinte, tudo voltará a se iluminar. É a lei da Vida. E ela é plena. Contínua. Sempre.

As duas lâmpadas piscaram agradecidas, no exato instante que uma mão acionou a tomada e as tirou de cena. O lampião baixou seu fogo e adormeceu tranquilo.

Texto de Nonato Albuquerque

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

TEXTOS MEUS. A MONTANHA DO SERMÃO

A montanha do sermão

2 min readJust now

Nonato Albuquerque

Na manhã ambientada de luz e de suave brisa aromática, o mestre reuniu-se outra vez a seus discípulos, depois de um dia em que explicara à multidão sobre as primícias do reino.

Falara-lhes das bem-aventuranças e dos designos de Deus para a enorme multidão que sofregava experiência na colônia terrena. Dissera-lhe do amor do pai divino em relação à justiça para com seus filhos. Admoestara-os a servir ao bem e a entesourar as riquezas morais como único apanágio para se acercarem das claridades vindouras.

Discípulos haviam, contudo, que não conseguiram captar em toda a sua extensão a diáfana mensagem do alto, principalmente nas referências sobre os herdeiros da vida futura.

Compreensivo, o mestre acercou-se do grupo e juntando à palavra, o carinhoso gesto de quem explica, teceu comentários sobre o Sermão da Montanha.

A montanha, na verdade, é o caminho ascensional por onde todos nós trilhamos a jornada vivencial na escola da Terra. O disciplinamento e a prática constante do bem, configuram-se como extratos maiores para o saldo de nossas bonificações.

Jesus, a entidade santa que visitava pessoalmente a escola de refazimento e progresso, confidenciou aos disciípulos que, no planeta, a humanidade estava dividida entre os seres aflitos que voltam do ontem para sequenciar o aprendizado na carne, passando pelos pobres de espírito e os que buscam o aprimoramento no saber espiritual.

Os primeiros, carregavam cruzes dolorosas repatriando o passado de outras fronteiras. Choram dores físicas e morais, sentem fome e sede de justiça e se descobrem necessitados da matéria. “Felizes os que sabem ultrapassar essa fase e atingir o degrau dos pobres de espírito. Uma vida melhor irá consolá-los”, asseverou o mestre.

- Mas como justificar de “bem aventurados, os que são pobres de espírito” -, interrogou um dos presentes.

Em verdade vos digo, felizes os que mendigam as verdades do Espírito’, acentuou o mestre, considerando primordial a ação daqueles seres que já superaram a vaidade e o orgulho e buscam as coisas do alto em detrimento das riquezas materiais. “Deles é a certeza do reinado do Bem na Terra”, complementou.

O mestre lembrou, também, a escala de aprimoramento dos que já ultrapassaram a fase da dor e da busca de sua fé, e reconciliam suas atitudes através da pureza do coração. “São almas assemelhadas a crianças e elas, certamente, verão a Deus em toda a sua luminescência”, comparou.

Cristo continuou a mostrar os graduados seguintes da escola terrena. “Os que formam os grupos dos mansos e pacíficos, voltarão à Terra e habitarão na era de transformação do planeta”.

Num grau ainda mais evoluído, Jesus apontou para os seres que já ultrapassaram todas as distenções e barreiras impeditivas do avanço moral. “Eles acrescentaram aos valores da mansuetude e pacificidade, o glorioso lema da misericórdia. Felizes, porque eles alcançarão esse alvo comum”.

Diante do exposto, os discípulos sentiram a compreensão das etapas de cada um dos que vivenciam na Terra, a experiência vida. E, individualmente, puseram-se a imaginar em que grau de aprimoramento e progresso cada um deles se encontrava exatamente.

Nonato Albuquerque, jornalista

blog UM BANGALÔ NAS NUVENS

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