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domingo, 31 de maio de 2020

AS MANHÃS DO DIA NOVO


In memorim ao Principe dos Poetas
  

Eu, príncipe, que outrora assim me vi
retorno ao lar de onde tudo se origina
E com a clareza cristalina, descobri
Que tudo o que aí começa, aí termina.

A vida maior difere de tudo, imagina
A vã filosofia que tantas vezes li.
É feita do que é simples e determina
Vencer o orgulho que anterior vivi.

Sábio não é quem diante da verdade,
Que fere suas idiossincrasias vãs,
Não reconheça e dê mão à palmatória

Permitam-me dizer que a eternidade
É só o fim da ponte onde as manhãs
Acordam o dia novo dessa outra história.

MOSAICOS ALEXANDRINOS

Sonhei hoje entrevistado dois nomes famosos das letras no Ceará. Permitam-me não revelar as identidades para preservaro que, imagino, tenha sido fruto desse encontro onírico. Ao acordar, o primeiro pensamento foi para um deles que, insistentemente, tomava meus pensamentos. E, depois do café da manhã, sentei-me aqui no computador e rabisquei esses versos que, inspirados, imagino sejam alexandrinos, 


MOSAICOS ALEXANDRINOS 

A lira do poeta antigo, abandonada fora
Por conta de arroubos que não vem ao caso
Motivos singulares que eu já vivi outrora
Mas que ao destino meu só a mim embaso

Quem apenas se ocupa com o aqui e agora
Não vive as razões dos doutos do parnaso
De comparar fazer versos como quem labora
Um ofício qualquer, sem litígio a dar aso.

Foi preciso a morte, mostrar essa clareza,
a quem se acha senhor de si nessa filáucia,
a realidade do ser é o que a vida ensina

os ouropéis da fama, não contam com certeza
a verdade mostra ao ser que toda audácia
de orgulho, basta a morte vir e ela termina.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

O HOMEM PEIXE


Estou como um tripulante de um submarino.
No aguardo de ouvir da base as orientações de praxe
Para quando passar essa tempestade
Eu, novamente, possa voltar à terra firme.
Preciso recompor o equilíbrio da embarcação.
Ajustar a minha cota periscópica.
Ativar o sonar, momentaneamente desligado.
Buscar o norte de minha bússola,
afim de emergir para ver o mundo lá fora.
Vivo submerso há mais de dois meses.
circundando os estreitos corredores desse barco,
limitando-me a ver, ouvir e ter as mesmas coisas.
Às vezes me acalmo; às vezes, enlouqueço.
Para continuar mantendo-se assim,
em condições de submersão,
preciso é rever o tanque do lastro principal,
a todo instante.
Mas tenho saudades da vida lá fora.
Todo exílio contribui, muitas vezes,
para processos depressivos
que atormentam e nos deixam moralmente abalados.
O trânsito em espaços limitados,
configura-se, muitas vezes,
em difícil exercício de aprisionamento.
Logo eu, que sou alma livre,
marinheiro de requisitar portos e navegar mares.
Quando do comando lá fora,
ouvir que o tempo melhorou,
que a tormenta deixou de arregimentar
os mortos à sua passagem,
serei o primeiro a saltar fora do barco
e correr até a praia,
Vou com ânsias de abraçar a primeira pessoa
que me provar que, lá fora,
longe deste vasto mundo de água e sal
ao qual me recolhi em quarentena,
Torço para que o anzol da Vida normal
desça sobre esse abismo líquido
e pesque esse humano-peixe
em que acabei me transformando.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

VIDA IGUAL A VIDA


Das voltas que o mundo dá
Pro mundo que voltas tem
Eu sou quem fui e quem já
não vive entre vós também

Procuro não me mostrar
Pra não contrariar ninguém
Pois pode alguém me achar
Que um morto vida não tem

Eu canto em conto que aqui
Tem vida muita e a granel
que eu mesmo até me espanto

aqui se trabalha, se chora, se ri
e onde se pensa ser o céu
é vida igual a vida, eu garanto.   

domingo, 24 de maio de 2020

Ilumina ação


quinta-feira, 21 de maio de 2020

ontem, hoje, amanhã

quem dera 
fosse ontem 
o dia de amanhã
para que o hoje 
significasse 
as mudanças 
do futuro.

P DE POESIA_ CAPA E ESPADA


segunda-feira, 18 de maio de 2020

O PRINCÍPIO, O FIM E O MEIO

O PRINCÍPIO, O FIM E O MEIO
Nonato Albuquerque
O mundo começou em mim, arremata Moisés
depois de antologizar toda a gênese humana.
Tinha ele, pois, o D´us único, bem ali, aos pés.
E discorreu com palavras a essência do prana
O mundo terminará em mim, prega o evangelista
João, a quem coube na Terra ver o apocalipse
Esotérica leitura pela qual o homem avista
A mudança do planeta após o grande eclipse.
No meio deles, tu e eu, interligados estamos
Enquanto lá fora o mundo destrambelhado,
Confuso, rola como se fosse desabar no abismo.
Será que vai dar tempo vender o que compramos?
Ou será possível ficar, assim, ensimesmado,
Sabendo que amanhã finda todo esse esnobismo?

sábado, 16 de maio de 2020

Uma Fortaleza saudade



UMA FORTALEZA SAUDADE

 Por Nonato Albuquerque 

 20 de novembro de 2019

(in memoriam à Jáder de Carvalho)
o olhar de menino do interior, 
que a cidade alcovitou um dia 
adormeceu uma paisagem 
de terra, água, amor e muito mar.
No porto onde naus descansam,
meu olhar desejou ser um navio 
e singrar os sete mares do mundo 
sem choro, medo e sem adeuses. 
Não ia dizer nada a minha mãe,
que desligado o meu umbigo,
mantém aprisionado meu coração 
com receio desse meu outro destino.
Nas areias do Mucuripe, flagro 
ainda o menino já descalço 
à sombra de um carvalho nome 
poetando versos, vozes e (en)cantos. 
Um dia, eu navio de mim mesmo, 
velejei no mar da Vida a outro porto 
onde vim jornalistar esse outro lado 
que é o lado de lá, do lado mar. 
O céu que os padres me vendiam 
é lugar de trabalho, sem descanso,,
sem necessidades de indulgência, 
nem petitório aos protetores santos.
Náufrago dessa enseada de luz 
vejo surpreso, navios já cansados 
atracarem neste porto, sem aviso
aos lenços em aceno de saudades. 
Que a terra bárbara onde eu vivi 
um tempo bom, bom tempo tenha;
e que o farol do mediúnico estafeta
brilhe com essa fortaleza saudade. 

sexta-feira, 15 de maio de 2020

ORAÇÃO DO PÃO NOSSO


segunda-feira, 11 de maio de 2020

UNICÓRNIO

UNICÓRNIO 
nonato albuquerque 

Minha infância tinha mágicas 
que eu guardava com afeição, 
rios de pó, feixes de luz 
cavalos marinhos no sertão 

Eu tinha o meu unicórnio 
arco-irizado de plantão 
quando eu precisasse voar 
nas esquinas da amplidão 

Hoje, essa pura magia 
foi descartada de mim 
nos anos de minha velhice 
planejo magicalizá-las, sim

sexta-feira, 8 de maio de 2020

P DE POEMA: COVID-19

COVID-19
Nonato Albuquerque

Que dizem os astros sobre esses desastres 
Que a covid-19 a todos impulsiona? 
Por que nenhum desses videntes fulastres 
Arriscou um palpite sobre o que ele condiciona? 

Por que a Ciência-mãe com todos os pilastres
Não responde a pergunta de quem questiona 
De onde vem esse mal, que o mal proporciona  
Que nos suga a vida como se fora uma albiona. 

A vida na Terra não se permite apenas ao visível 
Por trás de todos nós há um mundo que se rege 
por micróbios, bacilos e bactérias de igual arranjo  

Só o egoísmo humano ainda faz pensar ser crível 
ser ele o semi-deus que, embora sendo herege,
constrói sua caminhada em busca de ser anjo.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

O PRÓXIMO ATO - 06.02.2020

 Estúpida forma essa
de sair da vida por motivos próprios.
Outros que o fizeram
Adormecidos ainda estão até hoje.
O que era santo nos ares,
Por enganosos pensamentos seus
Trocou as asas da viagem
Pela da morte e nunca chegou ao céu.
Goulart, desesperado
Fecha a cortina do seu nobre teatro
Sem que o último ato
Desse ao ‘star’ o panteão sagrado.
A vida perde o sentido
Quando liberta em “voluntariis arbitrium”
A lugar nenhum se chega
Quem opção faz pela extrema saída.
Não se permita a isso
Por maiores que sejam as dificuldades
Engana a si. Cria uma peça
Que ameaça ser tragédia, o próximo ato.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

É o cão!


Dizem as más línguas
Que um tal Lúcio Ferreira está no mundo.
Por onde ele passa 
arrasta pequenos e grandes. 
Pois dada lhe foi autorização 
Para que abrisse as portas de sua casa 
E demandasse pela Terra 
escolhendo os escravos desobedientes 
às regras de segurança. 
Gente, milhares de pessoas 
já se mandaram pros lados de lá. 
Homens velhos e jovens também 
na onda da pandemia 
que arrasa quarteirões do mundo. 
Quando ele inventa de subir do abismo 
traz sempre identidade nova. 
Já se manifestou como gripe espanhola, 
febre amarela, peste da Aids, Sars etc e tal. 
Conectou-se nas duas grandes guerras 
e hoje é Covid-19. O da pandemia. 
Porém, as más línguas dizem, 
que ele na verdade tem nome português. 
Chama-se Lúcio Ferreira. 
Mas que se assina resumidamente 
Luci Fer.