Estimada M,
Abraço-te repleto de saudades. E se volto ao teu convívio, nada mais há que possa de novo alterar-te o que já escrevera antes.
Saiba tu, que estou como devo estar. E deveriam, todas as criaturas. Marcado de paixão; algemado à saudade tua. Mas nem por isso, devo arrastar-te outra vez até a árvore onde deitamos nossos corações por entre a flecha;
tampouco gostaria de te convidar a devolver as rosas que roubei de um jardim. Elas tuas são... Não podemos mudar a face do mundo.
Somos o que somos. Nossos pensamentos, ninguém há de alterá-los. A roda dos séculos envidará esforços e nutrirá de sede e fome nossos desejos. Mas devemos permanecer, como somos. Nós mesmos...
... os felicitadores de nossa felicidade;
... os juízes de nossos julgamentos;
... os atores de nossos dramas e comédias.
Em verdade, em verdade, ninguém ousará pisar os canteiros do tempo para tentar remendar as partes do jarro. Ele se quebrou. Com isso, ansiamos por novas vestes;
clamamos por outras vozes;
mas sem que nunca, em momento nenhum, necessitemos de alterar o nosso eu... aquele mais íntimo chamado anima, que comanda a usina de nossos corações e mentes,
Se não for nesta, quem sabe... na próxima aventura chamada Vida.
seu estimado, Eu
Página encontrada no lixo da casa
do que já foi e que continua sendo