as virtudes que alimentam cristo
Esta manhã, um mendigo me seguiu enquanto eu andava em direção ao meu trabalho.
Quando me alcançou, estendeu a mão ressequida e de sua boca um pedido se fez rogo:- Ajude-me a alimentar o Cristo...Aquela frase nada habitual aos meus ouvidos, soou como uma profanação. Era preciso ouvir mais, questionar. E devolvi-lhe uma pergunta:- O senhor tem o mesmo nome do Salvador?- Não! E nem seria digno de carregar em qualquer uma das minhas vidas, esse nome santo.- Mas, então, como entender que o senhor pede esmola para o Cristo?Ele me olhou com uns olhos de quem não olha o que está vendo, mas prescruta os escaninhos da alma e me disse ser realmente para Cristo, o alimento que estava a pedir.Sorri-lhe, como a dispensar qualquer crédito ao que dizia, mas antes de lhe falar qualquer coisa, ele interpôs sua voz e aduziu:- Eu o encontrei caído na rua, faminto, sedento. Ladrões o espancaram durante um assalto e levaram suas sandálias, único patrimônio que ostentava, além das vestes.Não tinha dinheiro, não tinha cartão de crédito, nem tampouco um celular que pudesse satisfazer aos apelos daqueles malditos.- Perdão cidadão, mas eu tenho pressa. Pegue essa cédula e vê se compra algum alimento para o "seu Cristo"!- Não senhor, não aceito dinheiro. Ele precisa de outro tipo de alimento. O Cristo só se alimenta de virtudes.Sorri novamente tentando entender tudo aquilo e quando já iniciava minha caminhada em direção à entrada no prédio onde trabalho, o mendigo me fez voltar um pouco à discussão.- O senhor diz que o ´seu´ Cristo só se alimenta de virtudes?- De qualquer fração de bem que alguém possa demonstrar. Ele quer exemplo.- Está bem. Que tipo de "exemplo", ele deseja?- Que o senhor faça qualquer gesto de bondade em favor de quem quer esteja necessitado. Isso será uma esmola para o coração faminto do Cristo.Aquilo tudo me deixava intrigado. Precisava entender melhor e lhe disse:- O senhor poderia ser mais claro? O que é que devo fazer?- Só é preciso que o senhor prometa a si mesmo, fazer hoje e todos os dias alguma coisa boa em favor de alguém necessitado. Basta essa promessa e o coração do Cristo se sentirá reconfortado.- Então, eu prometo. Agora, deixe-me ir trabalhar senão acabo perdendo o meu emprego.- Desculpe-me. Obrigado pela promessa.Subi as escadas do prédio em busca do hall de acesso ao elevador, não sem antes olhar novamente a rua. Incrível, no lugar onde deixara o mendigo, o local estava vazio. Voltei à calçada em busca de localizá-lo, mas nada. Ele sumira misteriosamente...Cheguei aqui ao trabalho e fiquei matutando: quem seria aquele homem? De onde viera? Por que falara aquilo tudo? E por que sumira tão repentinamente?De uma coisa, cheguei a uma conclusão: que o Cristo (dele ou o nosso) quer de todos nós o exemplo de amor para com todos. E já se satisfaz apenas com a promessa de quem deseja elevar-se nesse campo de virtudes.