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domingo, 12 de agosto de 2012

as virtudes que alimentam cristo

Esta manhã, um mendigo me seguiu enquanto eu andava em direção ao meu trabalho.

Quando me alcançou, estendeu a mão ressequida e de sua boca um pedido se fez rogo:
- Ajude-me a alimentar o Cristo...
Aquela frase nada habitual aos meus ouvidos, soou como uma profanação. Era preciso ouvir mais, questionar. E devolvi-lhe uma pergunta:
- O senhor tem o mesmo nome do Salvador?
- Não! E nem seria digno de carregar em qualquer uma das minhas vidas, esse nome santo.
- Mas, então, como entender que o senhor pede esmola para o Cristo?
Ele me olhou com uns olhos de quem não olha o que está vendo, mas prescruta os escaninhos da alma e me disse ser realmente para Cristo, o alimento que estava a pedir.
Sorri-lhe, como a dispensar qualquer crédito ao que dizia, mas antes de lhe falar qualquer coisa, ele interpôs sua voz e aduziu:
- Eu o encontrei caído na rua, faminto, sedento. Ladrões o espancaram durante um assalto e levaram suas sandálias, único patrimônio que ostentava, além das vestes.
Não tinha dinheiro, não tinha cartão de crédito, nem tampouco um celular que pudesse satisfazer aos apelos daqueles malditos.
- Perdão cidadão, mas eu tenho pressa. Pegue essa cédula e vê se compra algum alimento para o "seu Cristo"!
- Não senhor, não aceito dinheiro. Ele precisa de outro tipo de alimento. O Cristo só se alimenta de virtudes.
Sorri novamente tentando entender tudo aquilo e quando já iniciava minha caminhada em direção à entrada no prédio onde trabalho, o mendigo me fez voltar um pouco à discussão.
- O senhor diz que o ´seu´ Cristo só se alimenta de virtudes?
- De qualquer fração de bem que alguém possa demonstrar. Ele quer exemplo.
- Está bem. Que tipo de "exemplo", ele deseja?
- Que o senhor faça qualquer gesto de bondade em favor de quem quer esteja necessitado. Isso será uma esmola para o coração faminto do Cristo.
Aquilo tudo me deixava intrigado. Precisava entender melhor e lhe disse:
- O senhor poderia ser mais claro? O que é que devo fazer?
- Só é preciso que o senhor prometa a si mesmo, fazer hoje e todos os dias alguma coisa boa em favor de alguém necessitado. Basta essa promessa e o coração do Cristo se sentirá reconfortado.
- Então, eu prometo. Agora, deixe-me ir trabalhar senão acabo perdendo o meu emprego.
- Desculpe-me. Obrigado pela promessa.

Subi as escadas do prédio em busca do hall de acesso ao elevador, não sem antes olhar novamente a rua. Incrível, no lugar onde deixara o mendigo, o local estava vazio. Voltei à calçada em busca de localizá-lo, mas nada. Ele sumira misteriosamente...

Cheguei aqui ao trabalho e fiquei matutando: quem seria aquele homem? De onde viera? Por que falara aquilo tudo? E por que sumira tão repentinamente?

De uma coisa, cheguei a uma conclusão: que o Cristo (dele ou o nosso) quer de todos nós o exemplo de amor para com todos. E já se satisfaz apenas com a promessa de quem deseja elevar-se nesse campo de virtudes.