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segunda-feira, 4 de junho de 2018

Versos imperfeitos



eu,
que já quis ser trapezista voador,
aviador,
e que, mesmo assim, acabei no ar,
tive outras ambições.
Como a de ser astronauta
e ir até o fim do infinito
pra dar um enorme grito
de que o universo é a minha cidade. 

eu,
que já quis ser de tudo isso, um pouco
desejei ser viajante dos sete mares
e cruzar a linha do horizonte
para encontrar numa máquina do tempo
os que se foram
os que ainda haverão de vir
e, principalmente,
minha penúltima identidade.

Eu,
que fui o que não sou,  
mesmo intentando ser, 
quis tanto saber
quem foram as companhias de ontem
que se esmaeceram na memória
e que a poeira do tempo
apagou seus rostos, seus nomes,
suas melhores ideias.

Eu,
que sou o que não fui, me vejo
nesses versos imperfeitos
com mais um desejo.
O de ser visto 
como o que não sou
pois a embalagem que me veste
não revela o que fui
em favor do que ainda sou.