Entre as
narrativas do Cristo, contadas pelo apóstolo João no Novo Testamento, a que diz
respeito ao soldado romano ferindo o peito do nazareno, ressoa até os dias de
hoje em nossa mente, como o gesto que contribuiu para a morte do salvador.
Não se tem
como afiançar a real identidade do centurião, já que a lança da soldadesca
romana era conhecida como ‘longinus’. E daí viria a expressão.
Como numa
equipe médica em que o cirurgião faz a citação dos objetos a serem utilizados no
procedimento – “o bisturi” – ‘longinus’ era a referência do comando da tropa
para aquele soldado que detinha essa arma, usada na maior parte das vezes para
infringir aos réus a pena letal que era a quebra das pernas pela chamada prática
da ‘crunifragium’.
“Longinus” apelou
o chefe da tropa ao que o soldado se apressou a fazer a sua parte. Porém, como a
vítima já havia falecido, resolveram trespassar o peito da vítima, de onde um
jorro de sangue e água brotou, fazendo com que salpicasse no rosto do centurião.
O jato aquoso
caído sobre os olhos, por instantes, anuviou a sua visão e ao recobrá-la notou
suave emanação de luz que percorria a extremidade da lâmina de aço.
A vida desse
homem nunca foi a mesma. Sua lança passou revelar uma inexplicável
luminosidade, a cada instante em que, nela, repousavam seus olhos.
O martírio
do homem santo, como o mundo assim o reconheceria, deixara nele uma forte
impressão de que cometera um erro, ferindo o tórax de Jesus.
Impactado
pela cena, Longinus carregou enorme enorme trauma por todos os dias terrenos e,
após uma completa mudança de comportamento, ele fora convocado para compor o
exército do Cristo, trabalhando na sua falange de auxiliares.
A lança que
abrira o peito do inocente sacrificado e ajudara a encerrar sua vida terrena,
abrira naquela alma amargurada uma profunda e grande mágoa. Foram precisas muitas existências e o
ressarcimento de suas dívidas para que o centurião reconhecesse que a lança que
abriu o peito de Jesus, atingiu o coração de um homem a quem tantos rogam, hoje
em dia, pela intercessão de encontrar objetos perdidos