Éramos
bichos em figura de gente
Trancafiados
em porões de navio
Vendidos
por nada, vidas por um fio
Atados
a grilhões de uma corrente
Vínhamos
de longe, outro continente
A
chorar nossas mágoas, no desvario
De
um desencontro mais sombrio
Apartando nossa raça, nossa semente
Como
animais fomos assim tratados
Por
senhores de baraço e cutelo
A
impor sobre nós sua raiva e ódio.
O
tempo mudou e hoje transportados
A
outra plagas, vemos que o flagelo
Da
escravidão repousa em outro pódio.