Fim de ano
Parece um filme já visto. Com todo o ‘script’
bem detalhado. Figurinos definidos de forma luxuosa. A mesa posta com os frutos
da terra amadurecidos. Animais saídos do forno agorinha. Um pinheiro comprado
de liquidação; que todo o ano é armado e desarmado, com a precisão britânica
entre dezembro e seis de janeiro.
Os atores têm cada um, o seu papel
ensaiado; a trilha sonora é a mesma há quantos anos? E na hora da ceia, a
família reunida como quando na hora do jantar nunca mais se reunira.
Esse filme hoje é visto com as cores da
magia do Natal junto aos enfeites da
árvore mágica, que dá presentes de montão. Há luzes em profusão, crianças
correndo em volta, familiarizando-se com os presentes. E um bom velhinho de
vermelho, num País onde o vermelho foi amaldiçoado para todo o sempre pelos
ineptos de plantão.
Que título se daria a esse filme? “A
grande noite”. “Noite Feliz”. A luz do mundo”. “Jesus”.
É interessante: o protagonista maior
dessa peça é largado a um canto do esquecimento como se fosse um mal
coadjuvante.
Que o digam os anúncios das lojas. As
vitrines expondo brilho e carestia. Todos se nominando filhos de Papai Noel –
como se a figura tecida da lenda viva de São Nicolau fosse o dono da festa.
Na versão 2020 deste filme, algo
diferente. Os participantes já não falam tanto da festa, mas da impossibilidade
de festeja-la à exemplo de outros anos.
Lá fora, uma tempestade continua
assustando as pessoas – e não é por conta da neve que, em algumas locações do
filme, esteja desabando. Mas é um monstro terrível, como nunca antes os
roteiristas de Hollywood imaginaram para as produções de terror: um vírus.
Infinitamente pequeno. Que não vemos, mas que suas vítimas o sentem e como se
numa produção hitockokiana vão sendo varridas da cena, sem direito a exéquias,
a serem veladas, a terem acompanhamento aos campos santos.
Alguém que chegasse agora e pegasse a
última fala, pensaria num filme de zumbis.
Como um diretor de cinema, temos o
direito de gritar: CORTA!
...
Estamos falando do filme onde o super-herói
tem DNA divino. É “star” por vir do mais distante altiplano do cosmos. Que vem
ao abismo da Terra, nessa noite manifestar-se na tela de nossa mente sob os
auspícios da promessa de que, um dia, a noite terrena seria iluminada por uma
estrela radiante. Não uma qualquer, como as muitas que Hollywood produzia. Mas
uma estrela de quintessenciada grandeza. Cuja citação do seu nome basta para transformar
no íntimo de cada um
Ele é o Messias que vem ascensionado
pela promessa de renovo. De mudança. Que de forma cinematográfica consegue encarnar
o seu papel em nós, para nos dizer que há um reino afortunado de bênçãos,
instalado no palácio do nosso coração... que vive em nós e que, ingênuos,
andamos tateando pelo mundo em busca de outra felicidade.
Jesus é o ideal ansiado por Deus para
cada um de nós. Ele não é uma religião, ele é a religião. Ele não é o Senhor
Todo Poderoso chefão, a estabelecer protocolos rígidos para nossa convivência. Ele
resumiu seu roteiro em dois marcantes tempos: amar a Deus, sobre todas as
coisas, e ao próximo como a si mesmo.
Aqueles que amam apenas os super heróis
das gavetas, os grandes aventureiros da
Marvel; os que obedecem às ordens dos comerciantes da fé, esquecidos de que o
Bom Pastor veio cuidar do rebanho terreno para que ele progrida e não caia nas garras
do lobo da maldade; esse herói está de volta, agora. No final de um ano atípico
– ímpar, embora termine em 20 – e que
exigiu o sacrifício de tantos em favor da bem-aventurança que há de se
estabelecer depois da vacina.
BEM AVENTURADOS OS MANSOS E OS
PACÍFICOS PORQUE ELES HERDARÃO A TERRA.
Os sobrevivente desta pandemia precisam
se conscientizar de que, agora, o Planeta entra em sua fase de transição;
deixando o velho argumento de provas e expiações, como foram nas produções de
violência do cinema, para adentrar na sua fase de regeneração. A Terra é
destinada a ser o jardim do Cosmos.
Que cada um de nós tome para si a
tarefa de ser um jardineiro desse novo momento. E que se plante amor, pois esse
é um fruto que dá em abundância, assim como na parábola do semeador ensinada
pelo Cristo, que deseja renascer na manjedoura dos nossos corações.
Que cada um de nós tenha essa
compreensão e leve para o ano novo, o compromisso de sermos melhores, mais
justos, mais saudáveis, menos egoístas, sublimando a caridade como a pontuação
mais importante deste filme.
Vamos dar cinco estrelas para essa
versão nova do Natal que, neste final de dezembro, pede de nós o aplauso ao
ator principal dessa mais bela história de todos os tempos. A de Jesus.