Minha alma em meus cantares vagueia aflita, triste.
O beijo glacial da morte roubou-me toda a graça
da vida que eu vivi e eu sei que ainda existe,
entre o prazer da carne e o fogo da desgraça.
No pórtico sombrio, onde hoje eu monto praça,
ruídos de silêncio, Uma sombra que insiste
Em me envolver em meio a toda essa trapaça.
Eu, morto-vivo, vivo morto como deduziste.
No mausoléu de ossos que são os cemitérios
Eu vejo ainda os vivos expondo sua descrença;
achando que somos todos para sempre mortos
Eu morro de rir, em meio a esses mistérios.
Pois sigo navegante nas águas de outra crença,
por saber que outros mares escondem outros portos.