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sábado, 5 de dezembro de 2020

O GRITO QUE O MAR HUMANO ME SUFOCOU

tinha um mar onde eu nasci, 
tinha um mar. 
nele pescavam homens 
cujas mulheres os pescavam na praia. 

tinha um canto por onde andei,
e nesse canto
trabalhadores lamentavam a sorte
de resistir ao poder dos fascínoras. 

cruzei o tempo, 
aplaquei o ódio à revolução de 17

espero de novo 
renascida 
gritar o que o mar humano me sufocou.  

(Dedicado a Anna Akhmátova)