tinha um mar onde eu nasci,
tinha um mar.
nele pescavam homens
cujas mulheres os pescavam na praia.
tinha um canto por onde andei,
e nesse canto
trabalhadores lamentavam a sorte
de resistir ao poder dos fascínoras.
cruzei o tempo,
aplaquei o ódio à revolução de 17
espero de novo
renascida
gritar o que o mar humano me sufocou.
(Dedicado a Anna Akhmátova)