Arquivo do blog

sexta-feira, 26 de março de 2021

A ESPERANÇA DE SER ANJO

Eu já andei feito um lagarto em outras eras.

Nadei como peixe, embora preso a um aquário.

Fui símio louco. Selvagem imitei as feras

que cruzei em tempos do período terciário

 

Corri matos, matas. Me embebedei de heras.

Delas destilei o veneno do meu serpentário.

até criar asas e volitar por épocas mais austeras

onde de lagarta borboleteei em novo vestuário.

 

Hoje da fera que fui, herdei comigo um traço

que só revelo quando minha alma se desarvora

e põe abaixo a legião de bichos que inda eu tanjo.

 

Basta alguém me olhar torto e, logo, ergo o braço

revelando a besta fera que inda comigo mora 

e que ensaia, há tempos, esperançar ser anjo.