Eu já andei feito um lagarto em
outras eras.
Nadei como peixe, embora preso a um
aquário.
Fui símio louco. Selvagem imitei as
feras
que cruzei em tempos do período
terciário
Corri matos, matas. Me embebedei de heras.
Delas destilei o veneno do meu
serpentário.
até criar asas e volitar por épocas mais
austeras
onde de lagarta borboleteei em novo
vestuário.
Hoje da fera que fui, herdei comigo
um traço
que só revelo quando minha alma se desarvora
e põe abaixo a legião de bichos que inda
eu tanjo.
Basta alguém me olhar torto e, logo, ergo o braço
revelando a besta fera que inda comigo mora
e que ensaia, há tempos, esperançar ser anjo.