Era um homem comum, com um sonho:
Casar. Ter um filho...
Todo dia, saía às ruas
para pedir esmolas para o seu enterro.
Como entender essa inverosímil farsa?
É que ele sabia que iria morrer um dia
e aprendera na escola
que um homem prevenido,
não deixa para depois o que pode fazer hoje.
Quem para não entender essa tão torpe lógica?
Veio a Polícia, deu-lhe voz de prisão;
não por esmolar
esse excêntrico apelo,
mas por não quitar a taxa que o governo
cobra a todos quantos respiram o ar.
Na cadeia, alguém lhe pagou a fiança
Solto, ele voltou
para as ruas de novo,
a pedir esmolas pro filho que nunca teve.
Quem para contrariar essa fortuita quimera?