Nos corredores do hospital, os doentes se acotovelam.
As perguntas se multiplicam
e as respostas são reticências...
São (im)pacientes.
Um gemido entrecorta o ar e de uma enfermaria
na ala mais restrita,
deparo-me com o corpo do que sobrou de um jovem soropostivo.
Ele só tem pele e ossos.
Os olhos quase a saltarem das órbitas.
As mãos trêmulas e o corpo enrigelado,
como se já tivesse morrido.
José Airton
é o nome que está escrito na cabeceira da cama.
Mas quem é ele? quem foi ele? por que está ali?
- tudo isso, cede lugar a um outro tipo de indagação
ainda mais contundente:
- tudo isso, cede lugar a um outro tipo de indagação
ainda mais contundente:
- para onde irá ele, depois que vagar aquela enfermaria?
Como chegará ele ao seu destino? Qual o seu destino?
Com quem irá se encontrar?
O que vai guardar de memória?
O que vai guardar de memória?
O que ele dirá sobre a mudança?
Suportará isso tudo?
Suportará isso tudo?
As perguntas se multiplicam
e as respostas são reticências...
O dedo - afora toda a alma - desse jovem,
fico a pensar,
fico a pensar,
está mais próximo da ligação divina
ou qualquer que seja o nome
que lhe queiram dar.
ou qualquer que seja o nome
que lhe queiram dar.
dedicado ao paciente da enfermaria 110
do Hospital São José/Fortaleza
do Hospital São José/Fortaleza
(que já se foi)
posted by NONATO ALBUQUERQUE