Eu tenho um rebanho
De almas que pastoro
Nas cercanias do céu
Com chuvas eu banho
Os meus dias de choro
Cavalgando esse tropel
Conduzo-as todas à luz
Embora sombras ainda
me requisitem o apego
É que eu ignoro a cruz
Que me liberta e finda
O que é desassossego
Quando tiver o vaqueiro
De ser também manada
Deus, que me pastoreie
Vou, como todo janeiro,
começar outra jornada
E que outra vida semeie.
Sou como um carvalho
Que não se desvanece
Diante da forte ventania
Madrugarei no orvalho
como a noite que tece
a sagrada virtude do dia