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sábado, 9 de setembro de 2023

CONVITE PARA UM JANTAR COM DEUS

CONVITE PARA UM JANTAR COM DEUS Nonato Albuquerque

Vocês me deixam eu contar um sonho. Um belo sonho, por sinal. Ou um desdobramento como costumo definir essas visões. Nele, um homem de notável aparência, semblante tranquilo e expressivo sorriso no rosto, resolvera numa noite atrair para um jantar uma multidão de famintos em situação de rua. Na verdade, um grande banquete numa praça toda iluminada.

Enquanto ele caminhava pelas ruas convidando os miseráveis para a festa, entoava uma terna canção de amor à Vida, que atraía a atenção de todos que se abrigavam sob as marquises das lojas para o sono.

Sua canção foi ganhando outras vozes, entre os convidados, e um grande coral foi-se formando preenchendo o vazio das ruas adormecidas e sem tráfego.  

Ao se levantarem das calçadas, os necessitados de toda sorte, traziam um estranho brilho em redor de si. Já não eram os maltrapilhos de sempre. Os deficientes sem mobilidade. As crianças de rosto sujo. Os idosos decrépitos pelo peso do tempo e nem as mulheres de roupas rotas e sem condições de se arrumarem.

Ao chegarem ao coração da praça, onde devia se dar o banquete, se depararam com enorme mesa, disposta com os alimentos mais sugestivos, servidos por uma equipe de transluzentes e solícitos auxiliares.

Todos tomaram assento, mas só poderiam começar quando o benfeitor desse a devida autorização.

O homem, então, em meditativa postura, profere uma enternecida oração – a mais bela prece que os meus ouvidos já escutaram – acompanhada em silêncio por todos os presentes.

Ao término, ele autoriza para que todos se sirvam, e anuncia que aquele jantar era patrocinado pela figura mais importante da humanidade, o Cristo.

Nesse instante, um clarão enorme se faz sobre a praça. E como se os céus se abrissem,  de um portal, descem por uma escada aureolada de luz, figuras angelicais surpreendendo a todos.

De forma mágica, ouve-se uma voz, anunciando que aquele senhor havia cumprido a sua última tarefa de sua jornada terrena e precisava agora atender a um indispensável compromisso. O de jantar, naquela noite com o divino mestre, nas claridades infinitas dos céus.

De repente, eu fui desbloqueado daquela encantação e e voltei rapidamente ao meu corpo; certo de que as almas dos mendigos ali reunidos estavam sendo alimentadas pela virtude maior do amor que é a graça e a bondade de Deus.