A solidão dos campos de batalha.
cravada bem no íntimo de minha alma.
Quando através do sono nos libertamos temporariamente do escafandro corporal, volitamos por entre a dimensão do eu mais puro e visualizamos cenas que, geralmente, só os sonhos conseguem externar. É do substrato desses sonhos - e da criação poética - que se constitui este diário, revelando a incrível magia da dimensão da espiritualidade.
A solidão dos campos de batalha.
Tinha um lírio no meio das rosas
Caro leitor(a)
Uma viagem. É como eu classifico a convivência desta quinta feira, enquanto dormia. Eu me vi numa sala, como se um estúdio de rádio, esperando a hora de entrevistar alguém. Quando tenho à minha frente a sua holografia, descubro tratar-se de um jornalista famoso, nos anos 70 e 80 aqui no Ceará. Sinto uma energia agradável na sua presença, mas não consigo, de jeito algum, me lembrar o nome dele. É como se minha memória tivesse ficada pedrada.
Para não passar vexame, anuncio que "vou conversar com alguém muito importante do jornalismo", e enquanto falo, meu pensamento viaja atrás do baú de memórias, querendo achar a identidade da figura que está ali, à minha frente. Não consigo. E fico ainda mais atribulado, quando ele me responde à primeira pergunta, sobre como é que ele vai.
- Estou bem. Mas sinto que as pessoas não se lembram mais de mim. Ninguém fala meu nome entre os pares de trabalho - diz, enquanto penso que ele acabara de ler meus pensamentos. Tento lhe confortar e digo: mas o que é isso, rapaz! Todos nos lembramos de seu trabalho, sua coluna. Nos anos 80 você foi um dos primeiros a estimular as caminhadas. Sempre citava o assunto nas páginas internas do segundo caderno do jornal.
- Não, nem mesmo entre meus familiares se fala mais de mim. Eu sou um nome apagado. Uma página virada. Pareço ter vindo de um mundo vitoriano, época hoje nem mais tratada nas salas de História.
Nesse instante, a conexão onírica foi se desestabilizando e fui acordando com a preocupação enorme de querer saber o nome do entrevistado. Ele sumiu do écran de minha mente e desperto, fiquei meio abobalhado, porque eu sabia quem era, mas não tinha a menor lembrança do seu nome. E essa, pelo visto, era a pior lembrança que ele carregava no mundo dos encantados.
P.S.: depois que fiz o texto é que vi o nome dele em meio às declarações.
A montanha do sermão
“Quando eu era grande, eu era teu pai
Nos mundos que circundam os universos,
amigos,
de meus dias outros,
aqui chegados;
fizeram sala à vinda minha
a esse porto
onde o barco da morte no Aqueronte
conduziu-me morto
pelo rio que enalteceram outros vates.
Incrível,
no "rictus defunctorum"
que hei passado,
achar-me de pé,
ainda vivo após exposto
ao fim da conjunção
de carne e osso
e assim disposto
encontrar-me nessa outra
margem de embates.
eu sei que
vivo a eterna/idade
dos que se mudam
não sendo mais,
nem carne e osso
e vim dar com os costados
nessa nova "terra"
onde me acho moço
depois dos anos
que dividi afetos.
me encontro,
após a extrema unção
do ritual religioso,
com velhos conhecidos
de épocas remotas
que são famílias
a quem me refiro grato
nessas minhas notas
aos sombras que deixei,
entre meus filhos e netos.
Depois de sonhar com W.S.
onde ele se referia que eu era afilhado de sua esposa.
6.11.2024
voltei a me vestir meu corpo
depois de volitar
por ares
onde borboleteavam
insetos
de transluzentes
brilhos.
Comigo estavam
alguns seres
Que da
mitologia aprendi
A nomina-los
elfos e duendes,
Maravilhas da
natureza mística.
Quando acoplava
minha alma
ao corpo que só descansava,
ainda consegui
sentir o ato
de sorver o
néctar de essências
que magnificavam
esse meu sonho.
Nao sei se os senhores já notaram,
desde o dia em que aqui chegamos
tudo que há tem nome de mulher.
Europa, Ásia, America, Oceania
Mesmo a própria Terra, quem diria
tem nome feminino, como Deus quer
Se Ele fez o mundo em sete dias
e criou do homem, o outro sexo
eu acho essa estória tão sem nexo
que não ouso perder os dias meus.
O mundo é da mulheres, já sabia
aquele que deu nome aos continentes
e para que todas firmem-se contentes
Eva é versão deusa, que fez Deus.
(incompleto)
PARA OS QUE IRÃO VENCER SUA PRÓPRIA FERA
de Nonato Albuquerque 19.07.2024
Nos campos
estelares onde eu habito,
pastoreia-se anjos, que se nomeiam
tutelares de
almas em quem credito
estejam no proscênio que as rodeiam
nessa era em
que as forças se baseiam
em remover o
lixo dos seres em conflito
sugiro que busquem Cristo e releiam
as bem aventuranças
desse grande espírito
elas resumem
o eixo de toda a pedagogia
que o mestre
nos deixou por herança
para os que alcançarem
aí, a nova era
Aventurados
os mansos, que voltarão um dia
a renascer num
tempo novo de bonança
em que cada um vencerá sua própria fera.
Um dia, eu vi
uma senhora de idade,
a tricotar com
as mãos encarquilhadas
peças invisíveis,
com se usasse esterlina
nas agulhas que
só ela mesma enxergava
essa mesma
senhora, eu a vi um dia
caminhar com
firmeza no jardim de casa
a recolher
do chão algo que meus olhos
não conseguiam
de modo algum discernir.
Ao indagá-la
sobre tudo isso, ela me diz
que tricotava
uma colcha pontilhada de luz
das estrelas
que ela recolhia do chão amigo.
eram marcas transluzentes
de passos amigos
das pessoas
que um dia, passaram por ali
deixando lembranças de sua gentil amizade.
por dedos mágicos, a musa inspirava gênios
a derramarem notas da mais fina essência
que executadas preenchiam compêndios
como se o céu aportasse sua imanência.
por dedos muitos homens de crença e ciência
teceram ideias múltiplas de gregos e essênios
a alimentar o juizo do bem com a sapiência
de quem eternos ficariam por todos milênios.
o tempo escreveu outros roteiros singulares
o das mãos curadoras que o Cristo entronizou
em benefício aos carentes de amor e de luz
mas foram mãos injustas que por trinta denares
lhe venderam aos romanos sem o menor pudor
para fincar em outras mãos a mensagem da cruz
Próximo ao
scriptorium adjacente
à capela do
mosteiro onde eu vivi
compêndios
de toda ordem haviam
a resguardar a eficácia desse tempo.
Neles,
traduziam-se os importantes
relatos e
crônicas; discursivas ideias
de um tempo
de feudos e regalias
onde o saber
era dotação de poucos.
Na maravilhosa
engrenagem do conto
lia-se relatos
de clérigos e de leigos
incentivando
o respeito ao amor divino
Nem eu que
fui cavaleiro de procedência
rústica, me
habilitei ao escrutínio real
do pensamento do inquisitorium romano.
QUANDO O RIO GRANDE SE TRANSMUTA EM AQUERONTE
Nonato Albuquerque
Quando o Planeta Água resolve se definir
como tal e qual,
o líquido toma o sólido de todas as terras
e provoca as águas de todas as lágrimas .
Quando isso acontece, as vozes humanas
apenas lamentam.
E o veio desse pranto petrifica nosso peito
diante das dores que atormentam a alma.
Que rio é esse que transporta tantas vidas
preciosas?
Que mar é esse que despedaça a caravela
de nossos portos? É o Aqueronte, irmão!
Texto de Nonato Albuquerque
A paixão
moderna tem muitos cristos. Eles vivem o seu calvário de sempre, sem mudança na
rotina. Inúmeros cristos que são números, vivendo entre a paixão e a sorte.
A via-sacra
difícil de todos se confunde no drama de Josés e de Marias, cujos filhos são
vítimas de herodes psicopatas, promovendo a morte de crianças nas escolas.
Gente
simples que vive a ilusão de um reino melhor, prometido por párocos e pastores,
alguns sem ética e sem respeito ao divino.
Nas doze
estações do dia, que marcam as horas de provação, multiplicam-se as quedas.
O
desemprego, a intolerância, a mentira.
Há cristos
denunciando a violência de centuriões modernos. Asfixiando negros a céu aberto.
Cada um
carrega uma cruz invisível, com uma história onde eles são apenas números e
invisíveis na planilha da Economia.
Nesse
calvário, há judas
traidores, mas há cirineus caridosos. Negadores como Pedro e céticos iguais a Tomé.
Verdugos atiçando a violência doméstica,
como há os que hoje encenam o drama da maior paixão, mas que também foram pegos
para Cristo.
FORTALEZA296.COM.CE
Nonato Albuquerque
Fortaleza,
cidade ponto com
De tribos
muitas,
Com/unidades
tantas;
Idades
comuns quantas se achem
por suas
ruas apinhadas de carros muitos
Fortaleza de
caras e bocas
a ponto de
cantar
e contar
estórias de seu povo.
Karmas e
loucas, brancos guerreiros
Bulinando as
iracemas de nossa beira mar.
Fortaleza
ponto com sumo,
consumida
Por quem se
agita
nas praias
de sol(bemol)aradas
Sintonia do
canto, do conto, do quanto
amo, do cais
do porto à barra da tua saia.
Fortaleza,
cidade ponto comedida
Medida de
alto a baixo,
Compro
metida com seu tempo,
sem planos
pro passado
No espaço
verticalizado onde habitamos.
Cidade de
idade nova,
novidade
velha
É teu logo
que logo vem à nossa mente
‘Loira
desposada do sol’
cidade
ardente de luz
Que induz
desejos ponto com somente.
Fortaleza de
pontos com
ver gentes
Urbana
metrópole, suburbana cara
Trafegamos
contigo por esse mar
De carros e
carros e carros e mais carros.
Neste novo
dia de tu mudar de idade
Queremos é
ter na mente,
eternizar-te
tatuando no
baobá enorme do Passeio
o coração de
amante
dessa bem
amada, a/mor/cidade.
Quando o Planeta
Água resolve se definir
como tal e
qual,
o líquido
toma o sólido de todas as terras
e provoca as
águas de toda as lágrimas .
Quando isso
acontece, as vozes humanas
apenas lamentam.
E o veio desse pranto petrifica nosso peito
diante das
dores que atormentam a alma.
Que rio é
esse que transporta tantas vidas
preciosas?
Que mar é
esse que despedaça a caravela
De nossos
portos? É o Aqueronte, irmão!
Nonato Albuquerque
Quando chegar a hora,
não há quem sustenha a alma